A complexidade em diálogo com a ergonomia e a engenharia – contribuições de Edgar Morin

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n57.20269

Palavras-chave:

complexidade, engenharia, ergonomia, paradigma, trabalho.

Resumo

O amplo pensamento de Edgar Morin compreende a possibilidade de pensar acomplexidade como um olhar que sirva para direcionar as ações no mundo. Nessa perspectiva, discute-se, inicialmente, as contribuições de Morin para as ciências do trabalho, particularmente para a Ergonomia Centrada na Atividade. Em seguida, amplia-se o debate sobre suas contribuições para a engenharia. Morin nos convida a pensar sobre os princípios e limites dos paradigmas sobre os quais tais campos de conhecimento e atuação são construídos. Ele nos oferece a oportunidade de incluir em nosso olhar a dialógica, a ordem e a desordem, as incertezas, as diferentes racionalidades, permitindo trazer ao debate questões fundamentais com relação à vida e à importância do sujeito na sociedade.

 


 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Laerte Idal Sznelwar, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Graduado em Medicina pela UNICAMP; doutorado em Ergonomia pelo Conservatoire National des Arts et Métiers, Paris; pós-doutorado em Psicodinâmica do Trabalho no Conservatoire National des Arts et Métiers Paris; livre-docência em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Clínico do trabalho, ergonomista, especialista em psicodinâmica do trabalho, professor associado do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Membro fundador do Instituto Trabalhar. Membro filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise em São Paulo.

Uiara Bandineli Montedo, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Professora do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.Pesquisadora Associada do Centro de Inteligência Artificial da IBM/USP/FAPESP, no AgriBio-Food Security. Membro do Conselho Científico do Instituto Trabalhar. Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1986), é Mestre em Engenharia de Produção (1994) e Doutora em Engenharia de Produção (2001), pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez Doutorado Sanduíche Université Bordeaux 2, na École Pratique des Hautes Études e na Agence Nationale pour l’Amélioration des Conditions de Travail, na França.

Tiago Fonseca Albuquerque Cavalcanti Sigahi, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/Sorocaba, 2015), estágio na University of Regina –Canadá(2013-2014), e mestrado em Engenharia de Produção pela UFSCar/Sorocaba (2017). Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo - tema “Complexidade na educação em engenharia”. Membro do Grupo de Estudos em Trabalho, Tecnologia e Organização (PRO-EPUSP) e do Núcleo de Estudos em Sociologia Econômica e das Finanças (NESEFi-UFSCar).

Referências

ANTUNES, Ricardo; ALVES, Giovanni. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação&Sociedade, v. 25, n. 87, p. 335-351, 2004.

BEDER, Sharon. Beyond technicalities: Expanding engineering thinking. JournalofProfessional Issues in Engineering Education and Practice, v. 125, n. 1, p. 12-18, 1999.

BOLIS, Ivan; MORIOKA, Sandra N.; SZNELWAR, Laerte I. Are we making decisions in a sustainable way? A comprehensive literature review about rationalities for sustainable development. Journal of Cleaner Production, v. 145, p. 310-322, 2017.

CECH, Erin A. The (mis) framing of social justice: Why ideologies of depoliticization and meritocracy hinder engineers’ ability to think about social injustices. In: LUCENA; Juan C. (ed.).Engineering education for social justice. Dordrecht: Springer, 2013. p. 67-84.

CECH, Erin A. Culture of disengagement in engineering education?.Science, Technology, & Human Values, v. 39, n. 1, p. 42-72, 2014.

CHRISTENSEN, Steen H.et al. Engineering identities, epistemologies and values: Engineering Education and Practice in Context. Dordrecht: Springer, 2015.

CILLIERS, Paul; PREISER, Rika (ed.). Complexity, difference and identity: An ethical perspective. Berlin: Springer Science & Business Media, 2010.

CONTI, Thomas V. Crise Tripla do Covid-19: um olhar econômico sobre políticas públicas de combate à pandemia. Working paper. 2020. Disponível em: http://thomasvconti.com.br/pubs/coronavirus/. Acesso em: 3 jun. 2021.

COSTA JUNIOR, Jairo; DIEHL, Jan C.; SECOMANDI, Fernando. Educating for a systems design approach to complex societal problems. Journal of Engineering Design, v. 29, n. 3, p. 65-86, 2018.

DAMERON, Stéphanie. La dualité du travail coopératif. Revue Française de Gestion, n. 5, p. 105-120, 2005.

DEJOURS, Christophe. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 14, n. 54, p. 7-11, 1986.

DEJOURS, Christophe. Trabalho vivo: trabalho e emancipação. Tomo II. Brasília, DF: Paralelo 15, 2012.

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP (POLI-USP). Proposta de Criação de Curso. Habilitação: Engenharia da Complexidade. Programa Permanente de Parceria entre a Escola Politécnica da USP e o Groupe des Écoles Centrale da França. São Paulo:Universidade de São Paulo, 2016.

FAULKNER, Wendy. Nuts and Bolts and People' Gender-Troubled Engineering Identities. Social Studies of Science, v. 37, n. 3, p. 331-356, 2007.

FEENBERG, Andrew. Questioning technology. London: Routledge, 2012.

FINELLI, Cynthia J.; BORREGO, Maura; RASOULIFAR, Golnoosh. Development of a taxonomy of keywords for engineering education research. IEEE Transactions on Education, v. 58, n. 4, p. 219-241, 2015.

FREI, Regina; SERUGENDO, Giovanna D. M.Concepts in complexity engineering. International Journal of Bio-Inspired Computation, v. 3, n. 2, p. 123-139, 2011.

GRAHAM, Ruth. The global state of the art in engineering education. Massachusetts, USA: Massachusetts Institute of Technology (MIT) Report, 2018.

GUÉRIN, François et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Blücher, 2001.

GUNTZBURGER, Yoann; PAUCHANT, Thierry C.; TANGUY, Philippe A. Empowering engineering students in ethical risk management: An experimental study. Science and Engineering Ethics, v. 25, n. 3, p. 911-937, 2019.

HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo: Racionalidade da ação e racionalização social. Tradução de Paulo Astor Soethe. Revisão técnica de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1984.

HAGHIGHI, Kamyar. Quiet no longer: Birth of a new discipline. Journal of Engineering Education, v. 94, n. 4, p. 351, 2005.

HEYLIGHEN, Francis. Complexity and self-organization. In: LAPLANTE, Phillip. Encyclopedia of Information Systems and Technology – v. 1. London: CRC Press, 2015. p. 250-259.

HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. São Paulo: Editora da Unesp, 1976.

JESIEK, Brent K. et al. Mapping global trends in engineering education research. International Journal of Engineering Education, v. 27, n. 1, p. 77-90, 2011.

JOHRI, Aditya; OLDS, Barbara M. (ed.). Cambridge Handbook of Engineering Education research. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

JONASSEN, David; STROBEL, Johannes; LEE, ChweeB. Everyday problem solving in engineering: Lessons for engineering educators. Journal of Engineering Education, v. 95, n. 2, p. 139-151, 2006.

LEYDENS, Jon A.; LUCENA, Juan C. Engineering justice: Transforming engineering education and practice. Nova Jersey, USA: John Wiley & Sons, 2018.

LUCENA, Juan (ed.). Engineering education for social justice: Critical explorations and opportunities. Dordrecht: Springer, 2013.

MCKENNA, Ann F.; FROYD, Jeffrey; LITZINGER, Thomas. The complexities of transforming engineering higher education: Preparing for next steps. Journal of Engineering Education, v. 103, n. 2, p. 188, 2014.

MEIJERS, Anthonie W. et al. Philosophy of technology and engineering sciences. Oxford: North Holland/Elsevier, 2009.

MICHELFELDER, Diane P.; MCCARTHY, Natasha; GOLDBERG, David E. (ed.). Philosophy and engineering: Reflections on practice, principles and process. Berlin: Springer Science & Business Media, 2017.

MICHELFELDER, Diane P.; NEWBERRY, Byron; ZHU, Qin. Philosophy and engineering. Berlin: Springer International Pu, 2017.

MINAI, Ali A.; BRAHA, Dan; BAR-YAM, Yaneer. Complex engineered systems: A new paradigm. In: BRAHA, Dan; MINAI, A. A.; BAR-YAM, Y. Complex Engineered Systems. Dordrecht: Springer, 2006. p. 1-21.

MITCHAM, Carl. Thinking through technology: The path between engineering and philosophy. Chicago: University of Chicago Press, 1994.

MOLINIER, Pascale. O trabalho e a psique: uma introdução à psicodinâmica do trabalho. Brasília, DF: Paralelo, 2013.

MONTEDO, Uiara B. Ergonomia e Complexidade no Trabalho Agrícola Familiar: um olhar sobre a relação tácita entre a Teoria da Complexidade e a Ergonomia da Atividade. Beau Bassin: Novas Edições Acadêmicas, 2017.

MONTEDO, Uiara B.; SZNELWAR, Laerte I. Análise ergonômica do trabalho agrícola familiar na produção de leite. Production, v. 18, n. 1, p. 142-154, 2008.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

MORIN, Edgar. O método 4: as ideias. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2011a.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011b.

MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade da humanidade. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2012.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2015a.

MORIN, Edgar. O método 2: a vida da vida. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2015b.

MORIN, Edgar. O método 3: o conhecimento do conhecimento. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2015c.

MORIN, Edgar. O método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2016.

MORIN, Edgar. O método 6: ética. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2017a.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar9 o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017b.

MORIN, Edgar; LE MOIGNE, Jean-Louis. A Inteligência da Complexidade. Rio de Janeiro: Fundação Peirópolis, 2000.

NATIONAL ACADEMY OF ENGINEERING (NAE). Call for Engineering Action on the COVID-19 Crisis. Disponível em: https://www.nae.edu/230195/Call-for-Engineering-Response-to-the-COVID19-Crisis. Acessoem: 3 maio2020.

PAWLEY, Alice L. Learning from small numbers: Studying ruling relations that gender and race the structure of US engineering education. Journal of Engineering Education, v. 108, n. 1, p. 13-31, 2019.

PIQUEIRA, José R. C. Engenharia da Complexidade em Edgar Morin. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 363-370, 2018.

POEL, Ibo V. D.; GOLDBERG, David E. (ed.). Philosophy and engineering: An emerging agenda. Berlin: Springer Science & Business Media, 2010.

RADCLIFFE, David F. Shaping the discipline of engineering education. Journal of Engineering Education, v. 95, n. 4, p. 263, 2006.

REUBEN, Ernesto; SAPIENZA, Paola; ZINGALES, Luigi. How stereotypes impair women’s careers in science. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 111, n. 12, p. 4403-4408, 2014.

RILEY, Donna. Engineering and social justice: Synthesis Lectures on Engineers, Technology, and Society. San Rafael: Morgan&Claypool Publishers, 2008.

SIGAHI, Tiago F. A. C.; SZNELWAR, Laerte I. Restricted and General Complexity in Ergonomics. In: BLACK, N. L.; NEUMANN, W. P.; NOY I. (ed.). Lecture Notes in Networks and Systems – Vol. I: Systems and Macroergonomics. Cham: Springer, 2021. p. 792-798.

STOJANOV, Zeljko; DOBRILOVIC, Dalibor; ZORIC, Amara. Solving Problems in a Physical Laboratory for Computer Networks and Data Security: a conceptual frameworkwith students’ experiences. InternationaL Journal of Engineering Education, v. 32, n. 6, p. 2517-2530, 2016.

SZNELWAR, Laerte I. Quando trabalhar é ser protagonista e o protagonismo do trabalho. São Paulo: Blucher, 2015.

SZNELWAR, Laerte I.; UCHIDA, Seiji; LANCMAN, Selma. A subjetividade no trabalho em questão. Tempo Social, São Paulo,v. 23, n. 1, p. 11-30, 2011.

SZNELWAR, Laerte I.et al.Brumadinho: entre a prudência ea probabilidade, a tragédia. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, São Paulo,v. 17, n. 1, p. 4-12, 2019.

TERTRE, Christian D. É conomie servicielle et travail: contribution théoriqueau développement «d'une économie de lacoopération». Travailler, n. 1, p. 29-64, 2013.

TONSO, Karen L. Teams that work: Campus culture, engineer identity, and social interactions. Journal of Engineering Education, v. 95, n. 1, p. 25-37, 2006.

TRAGTENBERG, Maurício. Administração, Poder e Ideologia. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

TSOUKAS, Haridimos. Don't simplify, complexify: From disjunctive to conjunctive theorizing in organization and management studies. Journal of Management Studies, v. 54, n. 2, p. 132-153, 2017.

VIZEU, Fábio. Ação comunicativa e estudos organizacionais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,v. 45, n. 4, p. 10-21, 2005.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

WISNER, Alain. Understanding problem building: ergonomic work analysis. Ergonomics, v. 38, n. 3, p. 595-605, 1995.

ZILBOVICIUS, Mauro; PIQUEIRA, José R. C.; SZNELWAR, Laerte I99. Complexity engineering: New ideas for engineering design and engineering education. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 92, n. 3, 2020.

Downloads

Publicado

01.07.2021

Como Citar

SZNELWAR, Laerte Idal; MONTEDO, Uiara Bandineli; SIGAHI, Tiago Fonseca Albuquerque Cavalcanti. A complexidade em diálogo com a ergonomia e a engenharia – contribuições de Edgar Morin. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 57, p. e20269, 2021. DOI: 10.5585/eccos.n57.20269. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/20269. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê 57 - 100 Anos de Edgar Morin