“Bem conformado, robusto e são”: instrução e presença de pretos e pardos na companhia de aprendizes marinheiros do Pará

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n61.21624

Palavras-chave:

escolarização da população negra, história da educação paraense, período imperial.

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar a presença de sujeitos pretos e pardos na Companhia de Aprendizes Marinheiro do Pará, bem como compreender os diferentes aspectos da instrução ofertada por essa instituição, no período de 1866 a 1888. A questão norteadora foi saber os principais aspectos da instrução ofertada pela Companhia de Aprendizes da Marinha no Pará aos pretos e pardos, tendo em vista identificar a presença destes sujeitos enquanto alunos da Companhia. Para tanto, realizamos uma pesquisa histórico-documental por meio de fontes do Arquivo Público do Estado do Pará (APEP), as quais foram tratadas pelo método indiciário, por meio do qual analisamos informações geralmente imperceptíveis. Observamos como a presença de crianças nas instituições militares era uma maneira de suprir as necessidades das forças armadas e de recolher das ruas os menores desvalidos; e como a Companhia, além de instruir e formar crianças negras, também funcionou como instituição de “correção” de indivíduos considerados “indisciplinados”. A instrução e a formação na Companhia, destinadas à população negra de pretos e pardos, foram impostas pelas autoridades, chefes de polícia e juízes de órfãos, e dava ênfase em uma educação com ideais de civilizar essas crianças, objetivando sua utilidade para a nação.

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Biografia do Autor

Iza Andrielle Batista Duarte Madeira, Universidade Federal do Pará – UFPA.

Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Integrante vinculada ao Laboratório de Pesquisas em Memória e História da Educação (LAPEM) e do Grupo de Estudos em Educação no Pará na Primeira República (GEPRE).

Alberto Damasceno, Universidade Federal do Pará – UFPA.

Professor Titular da Universidade Federal do Pará, docente do Programa de Pós-graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica (PPEB) e do Programa de Pós-graduação em Educação na Amazônia (PGEDA). Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998). Mestre em Educação Escolar Brasileira pela Universidade Federal de Goiás (1991). Graduado em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará (1983). Atualmente coordena o Laboratório de Pesquisas em Memória e História da Educação (LAPEM) e é vice coordenador do Grupo de Estudos em Educação no Pará na Primeira República (GEPRE).

Karla Nazareth Corrêa de Almeida, Universidade Federal do Pará – UFPA.

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2017); Mestrado em Educação pela Universidade de São Paulo (1997). Possui graduação em Pedagogia pela União das Escolas Superiores do Pará (1988) . Atualmente é professora Associada II da Universidade Federal do Pará e líder do Grupo de Estudos em Educação no Pará na Primeira República (GEPRE).

Lucas dos Santos da Silva, Universidade Federal do Pará – UFPA.

Graduando do Curso de Pedagogia pela UFPA, graduado em História pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA), 2019, vinculado ao Laboratório de Pesquisas em Memória e História da Educação (LAPEM) e voluntário no Grupo de Estudos em Educação no Pará na Primeira República (GEPRE).

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Publicado

28.06.2022

Como Citar

BATISTA DUARTE MADEIRA, Iza Andrielle; DAMASCENO, Alberto; CORRÊA DE ALMEIDA, Karla Nazareth; DOS SANTOS DA SILVA, Lucas. “Bem conformado, robusto e são”: instrução e presença de pretos e pardos na companhia de aprendizes marinheiros do Pará. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 61, p. e21624, 2022. DOI: 10.5585/eccos.n61.21624. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/21624. Acesso em: 29 mar. 2024.