O papel socioeducativo da leitura e escrita de cartas em prisões: narrando a si, o outro e o nós

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/2025.27985

Palavras-chave:

educação prisional, inclusão social, leitura e escrita, projetos educacionais, remição da pena

Resumo

Este estudo teve como objetivo conhecer e analisar como um projeto de extensão interinstitucional, desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba e pela Universidade Federal do Norte do Tocantins, concebeu as práticas de leitura e escrita de cartas entre correspondentes intramuros, ou seja, pessoas dentro da prisão, e extramuros, pessoas fora da prisão, sob a perspectiva da educação. Realizado entre 2021 e 2023, o projeto buscou romper os estigmas associados à população carcerária e assegurar o direito à educação desse público, historicamente colocado à margem da sociedade e marcado pela baixa escolaridade predominante nesse grupo. A pesquisa, de abordagem qualitativa e natureza narrativa, foi conduzida por meio de entrevistas com os dois professores idealizadores e coordenadores da iniciativa, cujas reflexões contribuíram para compreender os impactos das ações realizadas. Os dados analisados, considerando seus significados e representações, revelaram a riqueza da prática de leitura e escrita de cartas no contexto prisional, destacando-a como uma atividade socioeducativa que promove reflexões e interações significativas entre os participantes. No entanto, os resultados também evidenciaram desafios e limites enfrentados por ações educacionais desse tipo como a escassez de recursos e as restrições impostas por instituições como o sistema prisional.

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Biografia do Autor

Jose Douglas de Abreu Araújo, Universidade Estadual do Ceará - UECE, Iguatu, Ceará, Brasil

Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pedagogo (UNINTER), filosofo (FAFIC) e assistente social (IFCE-Iguatu). Professor substituto da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Emília Maria da Trindade Prestes, Universidade Federal da Paraíba - UFPB, João Pessoa, Paraíba, Brasil

Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e do Programa de Pós-graduação em Gestão nas Organizações Aprendentes (MPGOA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Doutora em Educação e bolsista produtividade do CNPq.

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Publicado

11.09.2025

Como Citar

ARAÚJO, Jose Douglas de Abreu; PRESTES, Emília Maria da Trindade. O papel socioeducativo da leitura e escrita de cartas em prisões: narrando a si, o outro e o nós. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 75, p. e27985, 2025. DOI: 10.5585/2025.27985. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/27985. Acesso em: 10 nov. 2025.

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