O papel socioeducativo da leitura e escrita de cartas em prisões: narrando a si, o outro e o nós
DOI:
https://doi.org/10.5585/2025.27985Palavras-chave:
educação prisional, inclusão social, leitura e escrita, projetos educacionais, remição da penaResumo
Este estudo teve como objetivo conhecer e analisar como um projeto de extensão interinstitucional, desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba e pela Universidade Federal do Norte do Tocantins, concebeu as práticas de leitura e escrita de cartas entre correspondentes intramuros, ou seja, pessoas dentro da prisão, e extramuros, pessoas fora da prisão, sob a perspectiva da educação. Realizado entre 2021 e 2023, o projeto buscou romper os estigmas associados à população carcerária e assegurar o direito à educação desse público, historicamente colocado à margem da sociedade e marcado pela baixa escolaridade predominante nesse grupo. A pesquisa, de abordagem qualitativa e natureza narrativa, foi conduzida por meio de entrevistas com os dois professores idealizadores e coordenadores da iniciativa, cujas reflexões contribuíram para compreender os impactos das ações realizadas. Os dados analisados, considerando seus significados e representações, revelaram a riqueza da prática de leitura e escrita de cartas no contexto prisional, destacando-a como uma atividade socioeducativa que promove reflexões e interações significativas entre os participantes. No entanto, os resultados também evidenciaram desafios e limites enfrentados por ações educacionais desse tipo como a escassez de recursos e as restrições impostas por instituições como o sistema prisional.
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