A presença de indígenas na educação superior forjando mudanças no currículo
DOI:
https://doi.org/10.5585/2025.28779Palavras-chave:
currículo, educação superior, indígenasResumo
Os povos indígenas, tendo vivenciado a experiência escolar de forma trágica por séculos, sob a imposição de um currículo homogeneizador e ocidental/colonial, sempre resistiram a esse currículo. Também em função da luta e resistência, têm entrado na educação superior não indígena e conseguido criar cursos de graduação intercultural, principalmente nas licenciaturas, além de se fazerem presentes em vários programas de pós-graduação no Brasil, inclusive, naqueles considerados de excelência acadêmica. Nesse contexto, o artigo objetiva mostrar como a presença indígena na educação superior tem forjado mudanças curriculares sob a perspectiva da decolonização dos currículos. Na pesquisa, com apoio do CNPq, realizada por meio de entrevistas com estudantes indígenas e análise de conhecimentos por eles produzidos em teses e dissertações, observa-se que esses estudantes, ao acessarem os currículos da educação superior, não o fazem para dobrar-se a eles, mas para afirmar seus conhecimentos e cultura, tornando-se centrais no processo de decolonização dos currículos. Eles continuam nos lembrando de que não são o que o conhecimento ocidental/colonial afirma que são, e sim o que, como povo, decidirem ser. Os indígenas continuam nos dizendo que o currículo não é universal, que é território de luta política e cultural; ao entendê-lo dessa forma, tornam-se centrais no processo de decolonização.
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