Imposição de práticas de consumo no espaço público: um estudo sobre o ciclismo urbano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/remark.v20i1.16864

Palavras-chave:

Espaço público, Ideologia dominante, Ciclismo urbano.

Resumo

Objetivo: A pesquisa busca entender como as práticas de consumo realizadas em espaços públicos pelos consumidores pertencentes à ideologia dominante (entidade de grande escala) impõem seus interesses em detrimento dos demais consumidores (entidades de pequena escala).

Método:  Os dados da pesquisa qualitativa foram coletados no contexto do ciclismo urbano por meio de entrevistas em profundidade e observação sendo analisados de forma hermenêutica.

Originalidade/Relevância: O espaço público deveria ser democrático, igualitário e acessível a todos, entretanto, sendo o espaço o produto das relações sociais, ele revela os interesses de ideologias dominantes que emergem dos cidadãos, empresas e governantes.

Resultados: A estrutura de dominação da ideologia baseada no consumo de carbono como combustível para os meios de transporte é revelada pelas estratégias de imposição das práticas de consumo do ciclistas urbanos no uso do espaço público da cidade por meio da (1) restrição de uso do espaço público e (2) ameaça física. Os ciclistas urbanos, por sua vez, (3) naturalizam as arbitrariedades praticadas pelos consumidores participantes da ideologia de consumo dominante, internalizando as regras culturais tácitas de dominação para se adaptarem ao contexto social.

Contribuições teóricas/metodológicas:  O estudo amplia a discussão sobre formas de imposição de entidades de grande escala em relação à entidades de pequena escala no espaço público, colocando luz nos processos de dominação que acontecem por meio de  práticas de consumo que restringem e limitam as formas de uso e consumo de um tipo de espaço que todos os cidadãos são legalmente autorizados a utilizar.

Biografia do Autor

Ronan Torres Quintão, Instituto Federal de São Paulo, IFPS, câmpus Jacareí, e Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica d eMinas Gerais, CEFET-MG

Doutor em Administração com ênfase em Marketing pela Escola de Adminstração de São Paulo - EAESP-FGV, São Paulo, (Brasil). Professor do Instituto Federal de São Paulo - IFPS, câmpus Jacareí.

Simone Marília Lisboa, Instituto Federal de São Paulo - IFPS, câmpus Jacareí.

Doutoranda em Administração com ênfase em Organizações pela UFMG. Professora do Instituto Federal de São Paulo - IFPS, câmpus Jacareí.

Nathalia Lima, Instituto Federal de São Paulo - IFPS, câmpus Jacareí.

Graduanda em Administração do Instituto Federal de São Paulo - IFPS, câmpus Jacareí.

Referências

ABRACICLO – Associação Brasileira de Fabricantes de motocicletas, ciclomotores, motonetas, bicicletas e similares. (2019) Produção de bicicletas cresce em 15,9% em 2018. Janeiro, 2019. Recuperado em 07 de maio, 2019, de http://www.abraciclo.com.br/2019/1276-producao-de-bicicletas-cresce-15-9-em-2018

ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos (2018). Sistema de informações da mobilidade urbana da Associação Nacional de Transportes Público – Simob/ANTP [manual]. Sistema de Informação da Mobilidade Urbana.

Certeau, M. (1998). A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes.

Belk, R. W. (1988). Possessions and the Extended Self. Journal of Consumer Research, 15(2), 139–168.

Belk, R. W. (2010). Sharing. Journal of Consumer Research, 36 (February), 715–34.

Belk, R. W. (2013). Extended self in a digital world. Journal of Consumer Research, 01(10), 477-50.

Belk, R. W., Fischer, E., & Kozinets, R. V. (2013). Qualitative consumer & marketing research. London: Sage Publications.

Bourdieu, P. (1984). Distinction: A Social Critique of the Judgment of Taste. Cambridge: Harvard University.

Bourdieu, P. (1989). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrande Brasil S.A.

Bourdieu, P. (2006). Esboço de uma teoria da prática. Portugal: Celta Editora.

Bradford, T. W., & Sherry, J. G. (2015). Domensticating publc space through ritual: tailgating as vestaval. Journal of Consumer Research, 42(1), 130-151.

Castilhos, R. B. (2015). Dinâmicas de mercado no espaço urbano: lógica teórica e agenda de pesquisa. Revista Brasileira de Marketing, 14(2), 154-165.

Castilhos, R. B., Dolbec, P. Y., & Veresiu, E. (2016). Introducing a spacial perspective to analyze market dynamics. Marketing Theory, 13(9), 1-2.

Castilhos, R., Dolbec, P. Y., & Veresiu E. (2014). Conceptualizing the space of markets: how spatiality influences market dynamics. Advances in Consumer Research , 42, 265-270.

Damatta, R. (2010). Fé em Deus e pé na tábua: ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rocco.

Deephouse, C. D. L., & Suchman, M. (2008). Legitimacy in Organizational Institutionalism. In The SAGE Handbook of Organizational Institutionalism, pp. 49-78.

DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito. (2016). Frota Nacional. Recuperado em 07 de maio, 2019, de http://www.denatran.gov.br/images/Estatistica/RENAVAM/2018/Dezembro/Frota_por_UF_e_Tipo_DEZ_2018.xls

Giesler, M., & Veresiu, E. (2014). Creating the Responsible Consumer: Moralistic Governance Regimes and Consumer Subjectivity, Journal of Consumer Research, 41(3), 840–57.

Holt, D. B. (1997). Poststructuralist lifestyle analysis: conceptualizing the social patterning of consumption in postmodernity. Journal of Consumer Research, 23(4), 326–50.

Humphreys, A. (2010). Megamarketing: The Creation of Markets as a Social Process. Journal of Marketing, (74), 1–19.

Jenks, C. (2003). Transgression. London: Routledge.

Karababa, E., & Ger, G. (2011). Early modern Ottoman coffeehouse culture and the formation of the consumer subject. Journal of Consumer Research, 37(5), 737-760.

Lei n. 9.503, de 23 de setemro de 1997 (1997). Institui Código de Trânsito Brasileiro. Brasília 1997. Recuperado em 10 março, 2017, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm

Leibenstein, H. (1950). Bandwagon, Snob, and Veblen Effects in the Theory of Consumers’ Demand. Quarterly Journal of Economics, 64(2), 183–207.

Marston, S. A. (2000). The social construction of scale. Progress in Human geography, 01(6), 219-242.

Mccracken, G. (1988). The long interview. London: Sage Publications.

Miles, M. B., & Huberman, A. M. (1994). Qualitative data analysis: An expanded sourcebook. London, UK: Sage Publications, Inc.

O Vale (2018). Jacareí terá 14 km de ciclovias e ciclofaixas até o final de 2018. Recuperado em 08 de maio, 2019, de https://www.ovale.com.br/_conteudo/2018/05/nossa_regiao/40046-jacarei-tera-14-km-de-ciclovias-e-ciclofaixas-ate-o-final-de-2018.html

Pinto, R. V. P. (2014). O incentivo ao uso da bicicleta: mobilidade urbana e poder público municipal em Jacareís-SP. Monografia de Especialização, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Apucarana, PR, Brasil.

Prefeitura de Jacareí (2018). Prefeitura divulga relatório de 2017 da Controladoria Geral. Recuperado em 07 de maio, 2019, de http://www.jacarei.sp.gov.br/prefeitura-divulga-relatorio-de-2017-da-controladoria-geral/

Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta – Bicicleta Brasil (2007). Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades. Brasília: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade. Recuperado em 10 de março, 2017, de https://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSEMOB/Biblioteca/LivroBicicletaBrasil.pdf

Quintão, R. T., Lisboa, S. M., Freitas, G. M., & Oliveira, L. G. F. (2019). Limits on the use of public space and consumer tactics: a study on urban cycling. Latin American Business Review, 20(3), 211-225.

Smith, N. (2000). Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem teto e produção da escala geográfica. In A. A. Arantes (Ed.) O espaço da diferença (pp. 132-175). Campinas: Papirus.

Thompson, J. B. (1991). Ideology and Modern Culture: Critical Social Theory in the Era of Mass Communication. Cambridge: Polity Press.

Thompson, G. (1997). Interpreting consumers: A hermeneutical framework for deriving marketing insights from the texts of consumers' consumption stories. Journal of Marketing Research, 34(4), 438-455.

Thompson, C. J., & Arsel, Z. (2004). The starbucks brandscape and consumers (anticorporate) experiences of glocalization. Journal of Consumer Research, 31(3), 631-642.

Üstüner T., & Holt, D. B. (2007). Dominated consumer acculturation: The social construction of poor migrante women’s squatter, Journal of Consumer Research, 34(1): 41-56.

Velasco, C., Ramalho, G., Massuella, L., & Reis, T. (2018). Malha cicloviária das capitais cresce 133% em 4 anos e já passa de 3 mil quilômetros. Recuperado em 08 de maio, 2019, de https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/28/malha-cicloviaria-das-capitais-cresce-133-em-4-anos-e-ja-passa-de-3-mil-quilometros.ghtml

Visconti, L. M., Sherry Jr., J. F., Borghini, S., & Anderson, L. (2010). Street art, sweet art? reclaiming the “public” in public place. Journal of Consumer Research, 37(3), 511–529.

Downloads

Publicado

09.03.2021

Como Citar

Quintão, R. T., Lisboa, S. M., & Lima, N. (2021). Imposição de práticas de consumo no espaço público: um estudo sobre o ciclismo urbano. ReMark - Revista Brasileira De Marketing, 20(1), 132–147. https://doi.org/10.5585/remark.v20i1.16864

Edição

Seção

Artigos