CHAMADA DE ARTIGOS DO MANIFESTO ÁGIL À AGILIDADE ORGANIZACIONAL
PROPÓSITO DA EDIÇÃO ESPECIAL
Em 2001 um grupo de especialistas em tecnologia da informação se reuniu com o propósito de discutir as práticas de desenvolvimento de software da época e encontrar novas maneiras de criar software em contraposição aos métodos tradicionais, os chamados Plan Driven (dirigidos a plano). A principal crítica destes especialistas era de que o processo de desenvolvimento de software até então se configurava de modo geral como algo burocrático, lento, improdutivo e por consequência pouco eficaz. Surge assim a partir destas discussões o Manifesto Ágil, um documento assinado por este grupo de especialistas em que se propõe um novo paradigma para o desenvolvimento de software. Valores e princípios foram definidos neste manifesto e como fruto dele vários métodos, técnicas e ferramentas foram criados tornando as proposições do movimento ágil algo concreto.
Os métodos ágeis a princípio foram utilizados apenas em projetos de desenvolvimento de software em startups, mas com o decorrer do tempo o conceito de agilidade amadureceu e passou a ser adotado por profissionais e organizações dos mais diversos segmentos de negócio, portes e nacionalidades, fazendo com os que os métodos ágeis se tornassem uma realidade presente nos negócios (Gerster et al., 2020). Mais do que um conjunto de boas práticas, os métodos ágeis transcenderam o cenário da tecnologia da informação e passaram a ser encarados como um novo método para o gerenciamento de projetos (Lee & Chen, 2019), seja no nível dos projetos, no nível dos programas ou dos portfólios (Kaufmann et al., 2020). Mais recentemente o conceito de agilidade tem sido discutido e adotado também nas práticas organizacionais como uma forma de gerar valor aos diversos stakeholders e propiciar a perenidade do negócio (Denning, 2019; Gerster, 2020).
Organizações mundo afora tem discutido o uso dos métodos ágeis como uma abordagem viável para a gestão de projetos que não sejam especificamente de tecnologia da informação. Estratégias de migração de métodos tradicionais para os métodos ágeis tem sido discutidas e implementadas (Denning, 2019), bem como a criação de métodos híbridos com a incorporação de práticas e técnicas provenientes dos métodos tradicionais aos métodos ágeis (Niederman et al., 2018).
À medida que os métodos ágeis evoluem nas organizações, novas necessidades relacionadas à maturidade dos processos, avaliação de desempenho e produtividade dos times ágeis vão surgindo (Niederman et al., 2018). Atualmente, muitas organizações tem procurado utilizar os métodos ágeis em projetos organizacionais e/ou de grande porte, trazendo à discussão a questão da escalabilidade destes métodos (Hobbs & Petit, 2017; Turetken et al., 2016), sendo consideradas as implicações práticas relacionadas à estrutura organizacional, cultura, modelos de governança (Lappi et al., 2018), liderança e gestão compartilhada de projetos, entre outros (Abrar et al., 2019).
Enquanto nos meios profissionais e organizacionais a abordagem da agilidade tenha evoluído consideravelmente nas duas últimas décadas, percebe-se que nos meios acadêmicos ainda há uma necessidade de se compreender o fenômeno sob uma perspectiva teórica (Conforto et al., 2016) e trabalhos acadêmicos com contribuições relevantes e rigor acadêmico adequado são requeridos (Niederman et al., 2018). Há, portanto, várias oportunidades para se discutir o tema de métodos ágeis ou da agilidade em suas várias perspectivas e nuances a partir de trabalhos que possuam forte embasamento teórico e dados empiricamente sustentados.
TÓPICOS PRIORIZADOS
Esta edição especial espera receber trabalhos que tenham como foco de pesquisa o tema da agilidade no desenvolvimento de projetos. Serão priorizadas submissões que, de maneira alinhada à literatura contemporânea sobre o tema, explorem o estado da arte e discutam a aplicação das práticas ágeis em projetos e organizações dos mais diversos segmentos, portes e geografias. São desejados tanto trabalhos teóricos quanto trabalhos empíricos empregando as abordagens qualitativas e/ou quantitativas com o devido rigor acadêmico. Trabalhos aceitos para esta edição especial podem ter como foco os seguintes assuntos e respectivos níveis de análise (mas não estão restritos a estes):
- Projetos:
- evolução e tendência dos métodos ágeis
- métricas de estimativa de tempo e custo em projetos ágeis
- gestão da qualidade e métricas em projetos ágeis
- stakeholders e suas interações em projetos ágeis
- métodos e técnicas inovadoras em projetos ágeis
- processos de Tailoring de métodos ágeis
- avaliação de desempenho e sucesso em projetos ágeis
- ferramentas de colaboração para projetos ágeis
- alinhamento de métodos ágeis e métodos híbridos
- adoção de áreas de conhecimento da gestão de projetos tradicional (Plan Driven) em métodos ágeis
- adoção e uso de Data Analytics em projetos ágeis
- técnicas de predição de resultados em projetos ágeis
- modelos de maturidade em projetos ágeis
- aplicação de métodos ágeis em produtos não-software
- produtividade em projetos ágeis
- métodos ágeis em projetos complexos
- métodos ágeis em projetos globais
- Organizacional:
- prontidão (awareness) para a adoção de métodos ágeis em organizações
- transformação/transição de ambientes tradicionais (Plan Driven) para ambientes ágeis
- estratégias para adoção de métodos ágeis
- mensuração do nível de adoção das práticas ágeis em organizações
- alinhamento dos métodos ágeis e da inovação na organização
- coordenação interprojetos ágeis
- alinhamento de métodos variados de gestão de projetos de maneira simultânea
- alinhamento dos projetos ágeis a programas organizacionais
- agilidade organizacional e implicações práticas sobre a estrutura, cultura e dinâmica organizacional
- características e benefícios das organizações ágeis
- avaliação de desempenho organizacional baseado em agilidade
- ambidestria organizacional e projetos ágeis
- governança de projetos ágeis
- adoção de práticas ágeis em gestão de portfólio de projetos
- Ágil escalado:
- motivações, desafios e soluções para aplicação do ágil escalado
- aplicação de métodos ágeis em grandes projetos
- aplicação de métodos ágeis em times distribuídos
- mudanças na comunicação e interação social em projetos ágeis escalados
- adoção de ágil escalado em organização não-tecnológicas
- Times ágeis:
- Aplicação de técnicas de Team Building em times ágeis
- motivação e engajamento em times ágeis
- gestão do conhecimento em times ágeis
- gestão da comunicação em times ágeis
- satisfação no trabalho, reconhecimento e recompensas em times ágeis
- avaliação de desempenho dos times ágeis
- mudanças no perfil dos gerentes de projetos/agilistas
- gestão de conflitos em times ágeis
- características pessoais dos membros de times ágeis e possíveis impactos sobre os projetos
- tensão entre times ágeis e diretrizes organizacionais
- inteligência emocional e inteligências múltiplas em times ágeis
- liderança em times ágeis
DATA IMPORTANTES
- 31/07/2020 – Recepção dos resumos expandidos
- 31/08/2020 – Divulgação dos resumos aceitos
- 31/10/2020 – Envio dos trabalhos completos
- 04/12/2020 – Comunicação aos autores sobre trabalhos aceitos
- 08/01/2021 – Envio dos trabalhos ajustados
- 05/03/2021 – Publicação dos trabalhos finais
DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO RESUMO
Cada item do resumo deve conter no máximo 250 palavras.
Objetivo:
Qual é a principal razão para escrever o artigo?
Desenho / metodologia / abordagem:
Como os objetivos foram alcançados? Inclua os principais procedimentos metodológicos usados na pesquisa. Inclua informações sobre amostra, coleta e tratamento dos dados.
Achados / Constatações:
O que foi encontrado no decorrer do estudo? Isso se refere à análise, discussão ou resultados da pesquisa.
Limitações / implicações da pesquisa: (se aplicável)
Esta seção deverá incluir sugestões para pesquisas futuras e quaisquer limitações identificadas no processo de pesquisa.
Implicações práticas: (se aplicável)
Quais resultados e implicações para a prática, aplicações e consequências foram identificados?
Originalidade:
O que há de novo no artigo?
Realizar a submissão em:
https://periodicos.uninove.br/index.php?journal=gep&page=author&op=submit&path[]=1
REFERÊNCIAS
Abrar, M. F., Khan, M. S., Ali, S., Ali, U., Majeed, M. F., Ali, A., Amin, B., & Rasheed, N. (2019). Motivators for large-scale agile adoption from management perspective: A systematic literature review. IEEE Access, 7, 22660-22674.
Conforto, E. C., Amaral, D. C., Silva, S. L., Felippo, A. D., & Kamikawachi, D. S. L. (2016). The agility construct on project management theory. International Journal of Project Management, 34(4), 660-674.
Denning, S. (2019). Lessons learned from mapping successful and unsuccessful Agile transformation journeys. Strategy & Leadership, 47(4), 3-11.
Gerster, D., Dremel, C., Brenner, W., & Kelker, P. (2020). How Enterprises Adopt Agile Forms of Organizational Design: A Multiple-Case Study. ACM SIGMIS Database: the DATABASE for Advances in Information Systems, 51(1), 84-103.
Hobbs, B., & Petit, Y. (2017). Agile methods on large projects in large organizations. Project Management Journal, 48(3), 3-19.
Kaufmann, C., Kock, A., & Gemünden, H. G. (2020). Emerging strategy recognition in agile portfolios. International Journal of Project Management.
Lappi, T., Karvonen, T., Lwakatare, L. E., Aaltonen, K., & Kuvaja, P. (2018). Toward an Improved Understanding of Agile Project Governance: A Systematic Literature Review. Project Management Journal, 49(6), 39-63.
Lee, J. C., & Chen, C. Y. (2019). Investigating the environmental antecedents of organizations’ intention to adopt agile software development. Journal of Enterprise Information Management, 32(5), 869-886.
Niederman, F., Lechler, T., & Petit, Y. (2018). A research agenda for extending agile practices in software development and additional task domains. Project Management Journal, 49(6), 3-17.
Turetken, O., Stojanov, I., & Trienekens, J. J. (2017). Assessing the adoption level of scaled agile development: a maturity model for Scaled Agile Framework. Journal of Software: Evolution and process, 29(6), e1796.