As bases institucionais das concepções de justiça: uma abordagem a partir de Mary Douglas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/prismaj.v21n1.20522

Palavras-chave:

justiça, instituições, sociologia das instituições, sociologia jurídica

Resumo

O objetivo deste artigo é enfocar as bases institucionais das concepções de justiça. Para tanto, inicialmente, aponta a importância do conceito de instituição, sublinhando, porém, a polissemia que o caracteriza. Feito isso, realiza um conciso exame da “sociologia das instituições” desenvolvida por Émile Durkheim. Em seguida, aborda a questão relativa às bases institucionais das concepções de justiça a partir da releitura proposta por Mary Douglas acerca do célebre artigo intitulado “O caso dos exploradores de cavernas”, de Lon L. Fuller. Por fim, à guisa de conclusão, apresenta uma   breve   síntese   da   temática   analisada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Orlando Villas Bôas Filho, Faculdade de Direito - Universidade de São Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) / São Paulo, SP

Possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1995), Licenciatura Plena em História pela Universidade de São Paulo (1996), graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995), graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2004), mestrado em Direito pela Universidade de São Paulo (2002) e doutorado em Direito, na área de concentração Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo (2006). Pós-Doutorado na Université de Paris X - Nanterre, França (2009). Pós-doutorado na École Normale Supérieure de Paris (2012-2013). Recebeu o Prêmio Capes de Teses em 2007 (concedido à melhor tese defendida em 2006 na área do Direito). Foi pesquisador pleno do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), entre os anos de 2000 e 2006. Atualmente, é Professor Doutor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD/USP) e Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS e da Sociedade Brasileira de Direito Público (SBDP).

Referências

AMATO, L. F. Moralidade, legalidade e institucionalização: o debate Hart-Fuller. Revista de Direito, v. 11, n. 1, p. 335-360, 2019.

ARNAUD, A.-J. Critique de la raison juridique 1: où va la sociologie du droit? Paris: LGDJ, 1981.

ARNAUD, A.-J. Droit et société: du constat à la construction d’un champ commun. Droit et Société, n. 20-21, p. 17-38, 1992.

ARNAUD, A.-J. Le droit trahi para la sociologie. Une pratique de l’histoire. Paris: LGDJ, 1998.

ARNAUD, A.-J.; FARIÑAS DULCE, M. J. Introduction à l’analyse sociologique des systèmes juridiques. Bruxelles: Bruylant, 1998.

ASCENSÃO, J. O. O direito: introdução e teoria geral. 13. ed. Coimbra: Almedina, 2011.

BAILLEUX, A.; OST, F. Droit, contexte et interdisciplinarité: refondation d’une démarche. Revue Interdisciplinaire d’Études Juridiques, Bruxelles, v. 70, n. 1, p. 25-44, 2013.

BERIAIN, J. Representaciones colectivas y proyecto de modernidad. Barcelona: Anthropos, 1990.

BESNARD, P. La formation de l’équipe de l’Année sociologique. Revue Française de Sociologie, n. 20, p. 7-31, 1979.

BOUDON, R.; BOURRICAUD, F. Dictionnaire de la sociologie. 7e éd. Paris: Presses Universitaires de France, 2011.

BOUMARD, P. Institution. Recherche & Formation, n. 23, p. 151-161, 1996.

BOURDIEU, P. Sur l’État: cours au Collège de France 1989-1992. Paris: Éditions du Seuil, 2012.

BOURDIEU, P. Sociologie générale: cours au Collège de France (1981-1983). Paris: Raisons d’Agir/Éditions du Seuil, 2015. v. 1.

CLAM, J. La science du social et l’involution de la socialité: de Durkheim à Luhmann. Revue Internationale de Philosophie, n. 259, p. 9-33, 2012.

COMTE-SPONVILLE, A. Petit traité des grandes vertus. Paris: Presses Universitaires de France, 1995.

CORCUFF, P. Les nouvelles sociologies. 2e éd. Paris: Armand Colin, 2007.

CUIN, C.-H.; GRESLE, F. História da sociologia 1: antes de 1918. Tradução Alexandre Agabiti Fernandez. Petrópolis: Vozes, 2017a.

CUIN, C.-H.; GRESLE, F. História da sociologia 2: depois de 1918. Tradução Alexandre Agabiti Fernandez. Petrópolis: Vozes, 2017b.

DERATHÉ, R. L’homme selon Rousseau. In: GENETTE, G.; TODOROV, T. (dir.). Pensée de Rousseau. Paris: Éditions du Seuil, 1984. p. 109-124.

DIMOULIS, D. O caso dos denunciantes invejosos: introdução prática às relações entre direito, moral e justiça. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2006.

DOUGLAS, M. How institutions think. Syracuse, New York: Syracuse University Press, 1986.

DOUGLAS, M. Rules and meanings: the anthropology of everyday knowledge. London: Routledge, 2003 [1973]. (Mary Douglas Collected Works, v. IV.)

DUBET, F.; MARTUCCELLI, D. Dans quelle société vivons-nous? Paris: Éditions du Seuil, 1998.

DURKHEIM, É. De la division du travail social. 7e éd. Paris: Presses Universitaires de France, 2007 [1893]. (Quadrige.)

DURKHEIM, É. Leçons de sociologie. 5e éd. Paris: Presses Universitaires de France, 2010a [1950]. (Quadrige.)

DURKHEIM, É. Les règles de la méthode sociologique. Paris: Flammarion, 2010b [1895]. (Champs Classiques.)

DURKHEIM, É. Les formes élémentaires de la vie religieuse. 7e éd. Paris: Presses Universitaires de France, 2013 [1912]. (Quadrige.)

DURKHEIM, É.; MAUSS, M. De quelques formes primitives de classification. In: MAUSS, M. Essais de sociologie. Paris: Éditions de Minuit, 1969. p. 162-230 [1903].

DWORKIN, R. Philosophy, morality, and law: observations prompted by professor Fuller’s novel claim. University of Pennsylvania Law Review, v. 113, p. 668-690, 1965.

DYZENHAUS, D. The rule of law as the rule of liberal principle. In: RIPSTEIN, A. Ronald Dworkin. New York: Cambridge University Press, 2007. p. 56-81.

ESKRIDGE JR., W. N. The Case of the Speluncean Explorers: Twentieth-Century Statutory Interpretation in a Nutshell. The George Washington Law Review, v. 61, n. 6, p. 1731-1753, 1993.

FARDON, R. Mary Douglas: an intellectual biography. London: Routledge, 1999.

FEBBRAJO, A.; LIMA, F. R. de S.; VILLAS BÔAS FILHO, O. Justiça: dos sistemas às redes: paradigmas da modernidade. São Paulo: Almedina, 2020.

FERRAZ JÚNIOR, T. S. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2003.

FERRAZ JÚNIOR. T. S. Estudos de filosofia do direito: reflexões sobre o poder, a liberdade, a justiça e o direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

FOUCAULT, M. Les mots et les choses: une archéologie des sciences humaines. Paris: Gallimard, 2013 [1966].

FULLER, L. L. The morality of law. 2 ed. New Haven; London: Yale University Press, 1969.

FULLER, L. L. O caso dos exploradores de cavernas. Tradução Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris, 1976 [1949].

GIRARD, T. Comment pense Mary Douglas? Risque, culture et pouvoir. Ethnologie Française, v. 43, p. 137-145, 2013.

GONÇALVES, G. L.; VILLAS BÔAS FILHO, O. Teoria dos sistemas sociais: direito e sociedade na obra de Niklas Luhmann. São Paulo: Saraiva, 2013.

JOHNSTON, D. Breve história da justiça. Tradução Fernando Santos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.

JUAN, S. Durkheim et la sociologie française. Auxerre: Sciences Humaines Éditions, 2019.

KECK, F.; PLOUVIEZ, M. Le vocabulaire d’Émile Durkheim. Paris: Ellipses, 2008.

KELSEN, H. General theory of law and State. New Brunswick, New Jersey: Transaction Publishers, 2006 [1945].

KELSEN, H. What is justice? Justice, law, and politics in the mirror of science. Berkeley: University of California Press, 1971 [1957].

LE JALLÉ, É. La généalogie de la justice selon David Hume: nature et convention. In: WOTLING, P. (dir.). La justice. Paris: Vrin, 2007. p. 35-64.

LUHMANN, N. Law as a social system. Translated by Klaus A. Ziegert. Oxford: Oxford University Press, 2004 [1993].

LUHMANN, N. A sociological theory of law. Translated by Martin Albrow and Elizabeth King-Utz. Abingdon, Oxon: Routledge, 2014 [1972].

MACCORMICK, N. Natural law and the separation of law and morals. In: GEORGE, R. P. (ed.). Natural law theory: contemporary essays. Oxford: Clarendon Press, 1992. p. 105-133.

MACCORMICK, N. H. L. A. Hart. Tradução Cláudia Santana Martins. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MARTUCCELLI, D. Sociologies de la modernité: l’itinéraire du XXe siècle. Paris: Gallimard, 1999.

MARTUCCELLI, D. Variantes del individualismo. Estudios Sociológicos, v. 37, n. 109, p. 7-37, 2019.

MARTUCCELLI, D.; SANTIAGO, J. El desafío sociológico hoy: individuo y retos sociales. Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas, 2017.

MATTEI, U.; NADER, L. Plunder: when the rule of law is illegal. Oxford: Blackwell Publishing, 2008.

MILLARD, É. Hauriou et la théorie de l’institution. Droit et Société, n. 30/31, p. 381-412, 1995.

MOORE, M. S. Law as a functional kind. In: GEORGE, R. P. (ed.). Natural law theory: contemporary essays. Oxford: Clarendon Press, 1992. p. 188-242.

OST, F. Le droit ou l’empire du tiers. Paris: Dalloz, 2021.

PÖRKSEN, U. Plastic words. Tradução Jutta Mason e David Cayley. Pennsyl¬vania: Pennsylvania University Press, 1995 [1988].

RADCLIFFE-BROWN, A. R. Structure and function in primitive society. London: Cohen & West, 1952.

REVEL, J. L’institution et le social. In: LEPETIT, B. (dir.). Les formes de l’expérience: une autre histoire sociale. Paris : Albin Michel, 2013 [1995], p. 85-113.

ROCHA, E.; FRID, M. Mary Douglas (1921-2007). In: ROCHA, E.; FRID, M. (org.). Os antropólogos: de Edward Tylor a Pierre Clastres. Petrópolis, RJ: Vozes: Editora PUC, 2015. p. 225-239.

ROUSSEAU, J.-J. Émile ou de l’éducation. Paris: Garnier-Flammarion, 1966 [1762].

SABOT, P. Lire les mots et les choses de Michel Foucault. Paris: Presses Universitaires de France, 2006.

SAUSSOIS, J.-M. Théorie des organisations. Paris: La Découverte, 2012.

SERVERIN, É. Sociologie du droit. Paris: La Découverte, 2000.

STEINER, P. La sociologie de Durkheim. Paris: La Découverte, 2005.

SUBER, P. The case of the speluncean explorers: nine new opinions. London: Routledge, 1998.

TOURNAY, V. Sociologie des institutions. Paris: Presses Universitaires de France, 2011.

VAN MEERBEECK, J. Lon Fuller, le jusnaturaliste procédural. Revue Interdisciplinaire d’Études Juridiques, v. 80, p. 143-165, 2018.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Da ilusão à fórmula de contingência: a justiça em Hans Kelsen e Niklas Luhmann. In: PISSARRA, M. C. P; FABBRINI, R. N. (coord.). Direito e filosofia: a noção de justiça na história da filosofia. São Paulo: Atlas, 2007. p. 129-150.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Jean-Jacques Rousseau: a supremacia da vontade geral, a unidade do corpo moral e coletivo e a sobrecarga ética do cidadão. Prisma Jurídico, v. 7, n. 1, p. 93-108, jan./jun. 2008.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Teoria dos sistemas e o direito brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2009.

VILLAS BÔAS FILHO, O. A sociologia do direito: o contraste entre a obra de Émile Durkheim e a de Niklas Luhmann. Revista da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, v. 105, p. 561-593, jan./dez. 2010.

VILLAS BÔAS FILHO, O. A governança em suas múltiplas formas de ex¬pressão: o delineamento conceitual de um fenômeno complexo. Revista de Estudos Institucionais, v. 2, n. 2, p. 670-706, 2016a.

VILLAS BÔAS FILHO, O. O impacto da governança sobre a regulação jurídica contemporânea: uma abordagem a partir de André-Jean Arnaud. REDES – Revista Eletrônica Direito e Sociedade, v. 4, n. 1. p. 145-171, 2016b.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Émile Durkheim e a análise sociológica do direito: a atualidade e os limites de um clássico. REDES – Revista Eletrônica Direito e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 229-250, 2017.

VILLAS BÔAS FILHO, O. O desenvolvimento dos estudos sociojurídicos: da cacofonia à construção de um campo de pesquisa interdisciplinar. Revista da Faculdade de Direito da USP, v. 113, p. 251-292, jan./dez. 2018.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Desafios da pesquisa interdisciplinar: as ciências sociais como instrumentos de “vigilância epistemológica” no campo dos estudos sociojurídicos. Revista Estudos Institucionais, v. 5, n. 2, p. 530-558, 2019a.

VILLAS BÔAS FILHO, O. Direito e sociedade na obra de Émile Durkheim: bases de uma matriz sociológica para os estudos sociojurídicos. São Paulo: Editora Mackenzie, 2019b.

VILLAS BÔAS FILHO, O. A construção institucional da realidade social: uma abordagem da sociologia das instituições acerca das concepções de justiça e do papel do Estado. In: SIQUEIRA NETO, J. F.; COSTA, P. S. W. A.; VELOSO, R. C. (org.). Direito e desenvolvimento na Amazônia. São Luís: Editora da Universidade Federal do Maranhão, 2020a. p. 381-406.

VILLAS BÔAS FILHO, O. A “jurística” de Henri Lévy-Bruhl e a construção dos estudos sociojurídicos na França. Prisma Jurídico, v. 19, n. 1, p. 23-39, jan./jun. 2020b.

WEINREB, L. L. Natural law and justice. 4th printing. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1997.

ZALIO, P.-P. Durkheim. Paris: Hachette, 2001.

Publicado

2022-06-13

Como Citar

VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. As bases institucionais das concepções de justiça: uma abordagem a partir de Mary Douglas. Prisma Juridico, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 88–107, 2022. DOI: 10.5585/prismaj.v21n1.20522. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/prisma/article/view/20522. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Secção

Artigos