Reflexões acerca do uso da telemedicina no Brasil: oportunidade ou ameaça?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/rgss.v9i3.17514

Palavras-chave:

Telemedicina, Saúde digital, COVID-19

Resumo

Os avanços tecnológicos trouxeram uma nova realidade de trabalho e assistência oferecida pelos profissionais de saúde. A utilização das tecnologias para prover assistência, promoção e educação em saúde é também denominada como saúde digital, e engloba, dentre outros, a telemedicina, inerente especificamente à prática da medicina a distância. A telemedicina vem sido desenvolvida há muitas décadas e com diversas experiências nas mais diversas culturas e realidades socioeconômicas, atuando como ferramenta de teleassistência, teleconsulta, telexpertise, monitoramento remoto, pesquisas multicêntricas e atividades educacionais. Este artigo objetiva apresentar uma revisão crítica acerca do uso da telemedicina medicina no Brasil. O ponto alto das discussões acerca do tema refere-se à regulamentação, principalmente, da prática de teleconsultas, atividade utilizada em vários países e liberada no Brasil durante a pandemia de COVID-19. A literatura apresenta diversas experiências e oportunidades do uso da telemedicina, tais quais: aumento do acesso a serviços de saúde, redução de deslocamentos de pacientes, redução de custos e aproximação de especialistas à população de regiões remotas. Porém, uma recente tentativa de regulamentação do Conselho Federal de Medicina levantou uma série de discussões entre especialistas e associações médicas, evidenciando ameaças como: aumento da possibilidade de diagnósticos equivocados, utilização em demasia, insegurança de dados e informações privadas, e possível vetor de desemprego de profissionais médicos. A liberação do uso da telemedicina durante a pandemia evidenciou uma oportunidade para os profissionais e, para a população brasileira experenciar essa nova modalidade de prestação de serviço médico, que certamente contribuirá para discussões futuras e possível regulamentação do tema.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Weverson Soares Santos, Universidade Federal de Santa Catarina PPGA - Programa de Pós-graduação em Administração

Mestrando em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina

João Henriques de Sousa Júnior, Universidade Federal de Santa Catarina PPGA - Programa de Pós-graduação em Administração

Doutorando em Administração

João Coelho Soares, Universidade Federal de Santa Catarina PPGA - Programa de Pós-graduação em Administração

Doutorando em Administração

Michele Raasch, Universidade Federal de Santa Catarina PPGA - Programa de Pós-graduação em Administração

Doutorando em Administração

Referências

Abreu, B. (2014). Marketing digital na saúde: a relação médico/paciente através das tecnologias digitais. (Tese de Doutorado) Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.

Almino, M. A. F. B., Rodrigues, S. R., Barros, K. S. B., Fonteles, A. S., Alencar, L. B. L., Lima, L. L. D., & Jorge, M. S. B. (2014). Telemedicina: um instrumento de educação e promoção da saúde pediátrica. Revista Brasileira de Educação Médica, 38(3), 397-402.

AMF. (2019). Resolução 2.227/2018. Vitória da força dos médicos e da medicina. Disponível em: http://www.amf.org.br/assets/img/revista/ed_78/ed_78.pdf#page=16. Acessado em: 21/04/2020.

Bashshur, R. L., Reardon, T. G., & Shannon, G. W. (2000). Telemedicine: a new health care delivery system. Annual review of public health, 21(1), 613-637.

Barbosa, A. F., & Senne, F. (2016). Indicadores sobre a adoção de tecnologias de informação e comunicação (TIC) na saúde. Journal of Health Informatics, 8(4).

Brunetti, N. D., De Gennaro, L., Caldarola, P., Molinari, G., & Di Biase, M. (2017). Telecardiology: What'/s new from Italy?. European Research in Telemedicine/La Recherche Européenne en Télémédecine, 6(3), 137-146.

Camargo, A.L., & Ito, M. (2012). Utilização das tecnologias de informação e comunicação na área da saúde: uso das redes sociais pelos médicos. J. Health Inform, 4(4), 164-169.

Correia, J. C., Lapão, L. V., Mingas, R. F., Augusto, H. A., Balo, M. B., Maia, M. R., & Geissbühler, A. (2018). Implementation of a telemedicine network in Angola: challenges and opportunities. Journal of Health Informatics in Developing Countries, 12(1).

CFM. (1997). Processo-Consulta CFM nº 1.738/95 PC/CFM/Nº 31/97. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/cfm/1997/31_1997.htm. Acessado em: 21/04/2020.

CFM. (2002). Resolução CFM nº 1.643/2002. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2002/1643, Acessado em: 21/04/2020.

CFM. (2018). Resolução CFM nº 2.227/2018. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2018/2227. Acessado em: 21/04/2020.

CFM. (2019). Resolução CFM nº 2.228/2019. Disponível em https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2019/2228. Acesso em: 21/04/2020.

CFM. (2020). Ofício CFM Nº 1756/2020. COJUR. Disponível emhttp://portal.cfm.org.br/images/PDF/2020_oficio_telemedicina.pdf. Acesso em: 22/04/2020.

CREMESP. (1997). Consulta nº 56.905/97. Disponível em http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Pareceres&dif=s&ficha=1&id=4550&tipo=PARECER&orgao=%20Conselho%20Regional%20de%20Medicina%20do%20Estado%20de%20S%E3o%20Paulo&numero=56905&situacao=&data=00-00-1997. Acesso em 21/04/2020.

Davis, F. (1989). Perceived usefulness, perceived ease of use, and user acceptance of information technology, MIS Quarterly, 319-340.

D´Aavila, R. L. (2003). Responsabilidades e Normas Éticas na Utilização da Telemedicina. Disponível em: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20096:responsabilidades-e-normas-eticas-na-utilizacao-da-telemedicina&catid=46. Acesso em 21/04/2020.

Eastlick, M., Lotz, S., & Warrington, P. (2006). Understanding online B-to-C relationships: An integrated model of privacy concerns, trust, and commitment. Journal of Business Research, 877-886.

Ellis, M. J., Boles, S., Derksen, V., Dawyduk, B., Amadu, A., Stelmack, K., Kowalchuk, M., & Russell, K. (2019). Evaluation of a pilot paediatric concussion telemedicine programme for northern communities in Manitoba. International journal of circumpolar health, 78(1).

Field, M. J. (1996). Telemedicine: A guide to assessing telecommunications for health care. National Academies Press.

Gershon-Cohen, J.; Cooley, A. G. (1950). Telognosis. Radiology, 55(4), 582-587.

Gonçalves, A. A., Martins, C. H. F., Castro Silva, S. L. F., Cheng, C., Santos, R. L. S., & Oliveira, S. B. (2019). Impactos da implantação da Telemedicina no Tratamento e Prevenção do Câncer. Revista Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação, 17, 222-230.

Hassibian, M. R., & Hassibian, S. (2016). Telemedicine acceptance and implementation in developing countries: benefits, categories, and barriers. Razavi Int J Med, 4(3).

House, A. M., & Roberts, J. M. (1977). Telemedicine in Canada. Canadian Medical Association Journal, 117(4).

Jani, P. D., Forbes, L., Choudhury, A., Preisser, J. S., Viera, A. J., & Garg, S. (2017). Evaluation of diabetic retinal screening and factors for ophthalmology referral in a telemedicine network. JAMA ophthalmology, 135(7), 706-714.

Khouri, S. G. (2003). Telemedicina: análise da sua evolução no Brasil. (Tese de Doutorado) Universidade de São Paulo.

Lopes, M. A. C. Q. et al. (2019). Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Telemedicina na Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 113(5), 1006-1056.

Machado, F. S. N., Carvalho, M. A. P. D., Mataresi, A., Mendonça, E. T., Cardoso, L. M., Yogi, M. S., Rigato, H. M., & Salazar, M. (2010). Utilização da Telemedicina como Estratégia de Promoção de Saúde em Comunidades Ribeirinhas da Amazônia: experiência de trabalho interdisciplinar, integrando as diretrizes do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, 15(1), 247-254.

Maldonado, J. M. S. V., Marques, A. B., & Cruz, A. (2016). Telemedicina: desafios à sua difusão no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 32.

Matheus, R., & Ribeiro, M. M. (2009). Telemedicine in Brazilian public policy management. In: Proceedings of the 3rd international conference on Theory and practice of electronic governance, 274-279.

Medeiros, R., & Wainer, J. (2004). Telemedicina: onde estão seus benefícios socioeconômicos?. Anais do IX Congresso da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde 2004, 485-488, Ribeirão Preto.

Messina, L. A., Ribeiro Filho, J. L., & Lopes, P. R. L. (2014). RUTE 100: As 100 primeiras unidades de telemedicina no Brasil e o impacto da rede Universitária de Telemedicina. Rio de Janeiro: E-papers.

Murphy Jr., R. L., & Bird, K. T. (1974). Telediagnosis: a new community health resource. Observations on the feasibility of telediagnosis based on 1000 patient transactions. American Journal of Public Health, 64(2), 113-119.

Nam, C., Song, C., Park, E. L., & Ik, C. (2006). Consumers' privacy concerns and willingness to provide marketing-related personal information online. ACR North American Advances.

OMS. (2012). União Internacional das Telecomunicações. Pacote de Ferramentas da Estratégia Nacional de eSaúde. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/75211/9789248548468_por.pdf?sequence=13. Acesso em: 22/04/2020.

OMS. (2016). Monitoring and Evaluating Digital Health Interventions: A practical guide to conducting research and assessment. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/252183/9789241511766-eng.pdf. Acesso em: 22/04/2020.

OMS. (2019). DRAFT: Global Strategy on Digital Health 2020-2024. Disponível em: https://www.who.int/docs/default-source/documents/gs4dh.pdf?sfvrsn=cd577e23_2>. Acesso em: 22/04/2020.

Pisanelli, D. M., Ricci, F. L., & Maceratini, R. (1995). A survey of telemedicine in Italy. Journal of telemedicine and telecare, 1(3), 125-130.

Planalto. (2020a). Lei Nº 13.989. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l13989.htm. Acesso em: 22/04/2020.

Planalto. (2020b). Mensagem Nº 191. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2019-2022/2020/Msg/VEP/VEP-191.htm. Acesso em: 22/04/2020.

Ricci, F. L. (2002). The Italian national telemedicine programme. Journal of telemedicine and telecare, 8(2), 72-80.

Roca, O. (1997). Manual de telemedicina para estudiantes. Facultad de Medicina Universidad de La Laguna. España. Disponível em: https://www.uninet.edu/conganat/ICVHAP/conferencias/017/index.html. Acesso em: 11/05/2020.

Rosa, R. B., Isoldi, F. C., Pisa, I. T., Barsottini, C. G. N., Lima Lopes, P. R., & Campos, C. J. R. (2005). Avaliação do crescimento da Telemedicina Brasil e no mundo. Anais do XI Congresso Brasileiro de Informática em Saúde.

RUTE. (2020). O que é a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE)?. Disponível em: https://rute.rnp.br/arute. Acesso em: 23/04/2020.

Sabbatini, R. M. (2012). A telemedicina no Brasil: evolução e perspectivas. Informatica em Saúde: Uma Perspectiva Multiprofissional dos Usos e Possibilidades. São Caetano do Sul Yendis Editora.

Santos, A. D. F. D., Fonseca Sobrinho, D., Araujo, L. L., Procópio, C. D. S. D., Lopes, É. A. S., Lima, A. M. D. L. D., & Matta-Machado, A. T. (2017). Incorporação de Tecnologias de Informação e Comunicação e qualidade na atenção básica em saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 33.

Santos, R. (2013). Ministério quer que serviços de saúde apostem mais na telemedicina. Disponível em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ministerio-quer-que-servicos-desaude-apostem-mais-na-telemedicina-1586809. Acesso em: 21 de Abril de 2020.

Santos, T. M. (2015). A reputação, a privacidade e o utilizador de telemedicina: Modelo de adoção de tecnologia. (Tese de Doutorado) Escola Superior de Educação de Coimbra e Escola Superior de Tecnologias e Gestão de Oliveira do Hospital, Portugal.

Saúde. (2020). Programa Telessaúde Brasil Redes: Saúde Digital e Telessaúde. Disponível em: https://www.saude.gov.br/telessaude. Acesso em: 23/04/2020.

Scott Kruse, C., Karem, P., Shifflett, K., Vegi, L., Ravi, K., & Brooks, M. (2018). Evaluating barriers to adopting telemedicine worldwide: A systematic review. Journal of telemedicine and telecare, 24(1), 4-12.

Shanit, D., Striebel, W., Michelson, G., Ayed, S., Assi, S. A., Belfair, N., Ben-Simon, G., Hamida, F., Kanawati, C., Lifshitz, T., Madia, G., Rafi, M., Tahat, A., Treister, G., Tucktuck, K., & Zaghloul, K. (2002). Telemedicine in the service of peace. Journal of telemedicine and telecare, 8(2), 76-77.

Silva, A. B., & Moraes, I. H. S. (2012). O caso da Rede Universitária de Telemedicina: análise da entrada da telessaúde na agenda política brasileira. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 22(3), 1211-1235.

Simpson, A. T., Doarn, C. R., & Garber, S. J. (2020). Interagency Cooperation in the Twilight of the Great Society: Telemedicine, NASA, and the Papago Nation. Journal of policy history, 32(1), 25-51.

Sousa Júnior, J. H., Raasch, M., Soares, J. C., & de Sousa, L. V. H. A. (2020). Da Desinformação ao Caos: uma análise das Fake News frente à pandemia do Coronavírus (COVID-19) no Brasil. Cadernos de Prospecção, 13(2, COVID-19), 331.

Spear, K. L., Auinger, P., Simone, R., Dorsey, E., & Francis, J. (2019). Patient Views on Telemedicine for Parkinson Disease. Journal of Parkinson's Disease, 9(2), 401-404.

Urtiga, K. S., Louzada, L. A. C., & Costa, C. L. B. (2004). Telemedicina: uma visão geral do estado da arte. Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina, São Paulo - SP.

We Are Social. (2020). Digital in 2020. Disponível em : https://datareportal.com/reports/digital-2020-brazil. Acesso em: 24 abril 2020.

Wen, C. L. (2008). Telemedicina e telessaúde–um panorama no Brasil. Informática Pública, 10(2), 7-15.

Zundel, K. M. (1996). Telemedicine: history, applications, and impact on librarianship. Bulletin of the Medical Library Association, 84(1).

Downloads

Publicado

2020-10-22

Como Citar

Santos, W. S., de Sousa Júnior, J. H., Coelho Soares, J., & Raasch, M. (2020). Reflexões acerca do uso da telemedicina no Brasil: oportunidade ou ameaça?. Revista De Gestão Em Sistemas De Saúde, 9(3), 433–453. https://doi.org/10.5585/rgss.v9i3.17514

Edição

Seção

Artigos