Regulação dos aplicativos de transporte individual privado de passageiros e políticas públicas urbanísticas
DOI:
https://doi.org/10.5585/2023.25168Palavras-chave:
regulação urbanística, aplicativos de transporte individual privado de passageiros, vias urbanas, Decreto n.º 56.981/2016 do município de São PauloResumo
Objetivo: Investigar a hipótese de que existem justificativas jurídicas, econômicas e socioambientais para o adensamento da regulação urbanística dos aplicativos de transporte individual privado de passageiros no Brasil e analisar parâmetros que contribuam para sua formulação.
Metodologia: Abordagem multidisciplinar de direito e políticas públicas desenvolvida por Bucci (2013 e 2017), Bucci e Coutinho (2017), Ribeiro (2019) e outros, articulando conceitos teóricos de Direito do Estado e de Direito Econômico e elementos de pesquisas empíricas voltadas à relação entre aplicativos de transporte individual privado de passageiros e o meio urbano, com o intuito de dirigir uma visão prospectiva às justificativas e às possibilidades de regulação urbanística dessa atividade econômica no Brasil.
Originalidade: A partir do teste da hipótese enunciada, argumenta-se de que a exploração econômica promovida pelos aplicativos de transporte individual privado de passageiros representa novo tipo de uso da via urbana, cujos impactos ensejam a formulação de parâmetros próprios de regulação urbanística.
Resultados: A partir dos métodos de análise da abordagem Direito e Políticas Públicas, foram analisados aspectos do regime de exploração dos bens públicos e resultados de pesquisas empíricas sobre as externalidades da atividade dos aplicativos, identificando-se justificativas para o aprofundamento e adensamento de sua regulação urbanística. O Decreto n.º 56.981/2016 do Município de São Paulo, analisado à luz de seus efeitos sob o critério da efetividade (Salinas, 2013; Ribeiro 2021; 2010a; 2010b), colocou essa dimensão no centro de sua intervenção e oferece parâmetros úteis à formulação de regras de conteúdo urbanístico de maior abrangência e densidade normativa.
Contribuição: A natureza e os impactos da atividade das empresas que operam aplicativos de transporte individual privado de passageiros demandam o aprofundamento do debate sobre sua regulação urbanística, de modo a conformar a atividade à luz dos objetivos da política urbana positivados no ordenamento jurídico brasileiro.
Downloads
Referências
Antonialli, D., & Kira, B. (2020) Planejamento urbano do futuro, dados do presente: A proteção da privacidade no contexto das cidades inteligentes. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 22, E202003. https://doi.org/10.22296/2317-1529.RBEUR.202003
Barrios, J. M., Hochberg, Y. V., & Yi, H. (2023). The cost of convenience: Ridehailing and traffic fatalities. Journal of Operations Management, 69(5), 823–855. https://doi.org/10.1002/joom.1221
BRASIL, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, CADE. (2018). Departamento de estudos econômicos – DEE. Efeitos concorrenciais da economia do compartilhamento no Brasil: A entrada da Uber afetou o mercado de aplicativos de táxi entre 2014 e 2016? Documento de Trabalho, 001/2018. http://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/estudos-economicos/documentos-de-trabalho/2018/documento-de-trabalho-n01-2018-efeitos-concorrenciais-da-economia-do-compartilhamento-no-brasil-a-entrada-da-uber-afetou-o-mercado-de-aplicativos-de-taxi-entre-2014-e-2016.pdf.
BRASIL, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, CADE. (2020). Departamento de estudos econômicos – DEE. Concorrência em mercados digitais: Uma revisão dos relatórios especializados. Documento de Trabalho, 005/2020. https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/estudos-economicos/documentos-de-trabalho/2020/documento-de-trabalho-n05-2020-concorrencia-em-mercados-digitais-uma-revisao-dos-relatorios-especializados.pdf.
Bucci, M. P. D. (2013). Fundamentos para uma teoria jurídica das políticas públicas. Saraiva.
Bucci, M. P. D. (2017). Contribuição para a redução da judicialização da saúde. Uma estratégia jurídico-institucional baseada na abordagem Direito e Políticas Públicas. In M. P. D. Bucci & C. Seixas Duarte (Eds.) (coords.), Judicialização da saúde: A visão do poder executivo (pp. 31–88). Saraiva.
Bucci, M. P. D., & Coutinho, D. R. (2017). Arranjos jurídico-institucionais da política de inovação tecnológica: Uma análise baseada na abordagem de direito e políticas públicas. In D. R. Coutinho, M. C. Foss & P. S. B. Mouallen (Org.), Inovação no Brasil: avanços e desafios jurídicos e institucionais. Bluncher.
Crespo, Y. (2016). Uber v. regulation: “Ride-Sharing” Creates a Legal Gray Area. University of Miami Business Law Review, 25, 79.
De Paula, P. C. B., & Zanatta, R. A. F. (2019). O problema über em São Paulo: Desafios à governança experimental. In L. Regine, G. Pries, & G. Tewari (Eds.) (coord.), 5ª Conferência Anual de Direito Urbanístico Internacional & Comparado: artigos selecionados. Fórum.
Diao, M., Kong, H., & Zhao, J. (2021) Impacts of transportation network companies on urban mobility. Nature Sustainability. KONG, 4(6), 494–500. https://doi.org/10.1038/s41893-020-00678-z
Economides, N., & Himmelberg, C. P. (1995). Critical mass and network size with application to the us fax market. NYU stern School of Business EC-95-11, available at SSRN. https://ssrn.com/abstract=6858 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.6858
Erhardt, G. D., Roy, S., Cooper, D., Sana, B., Chen, M., & Castiglione, J. (2019). Do transportation network companies decrease or increase congestion?. Science Advances, 5(5), eaau2670. https://doi.org/10.1126/sciadv.aau2670
Gaspardo, M. (2018). Pesquisa empírica e teoria do Estado: A experiência da avaliação legislativa da Emenda do Programa de Metas. Revista de Estudos Empíricos em Direito, 5(3), Dezember, 30–49. https://doi.org/10.19092/reed.v5i3.191
Grau, E. (1985). Bens de uso comum. Revista de Direito Público. São Paulo, Brazil, 18(76), out. | dez., 49–56.
Haddad, F. (2022). O Direito à Rua: Políticas públicas e a função social das vias urbanas. Fórum.
Haddad, F. (2019). A pertinência da abordagem direito e políticas públicas ao estudo da política urbana no Brasil: o exemplo da pesquisa sobre as vias urbanas e sua função social. REI: Revista de Estudos Institucionais, 5(3), 1044–1063. https://doi.org/10.21783/rei.v5i3.439
Haddad, F., Ribeiro, I. C., Adeodato, B. F., & Souza. (2023). Aplicativos de mobilidade: Mercado, externalidades e os desafios à regulação. Transformações na ordem social e econômica e regulação [Recurso eletrônico on-line] Organização CONPEDI Coordenadores: Fernando Passos; Francisco Tarcísio Rocha Gomes júnior; Lucas Gonçalves da Silva. CONPEDI.
Khavarian-Garmsir, A. R., Sharifi, A., & Hajian Hossein Abadi, M. (2021). The social, economic, and environmental impacts of ridesourcing services: A literature review. Future Transportation, 1(2), 268–289. https://doi.org/10.3390/futuretransp1020016
Maricato, E. (2011). O impasse da política urbana no Brasil. Editora Vozes.
Marques Neto, F. de Azevedo. (2009). Bens públicos: Função social e exploração econômica −O regime jurídico das utilidades públicas. Fórum.
Marrara, T. (2007). Bens públicos, domínio urbano, infra-estruturas. Fórum.
Medauar, O. (2018). Direito administrativo moderno. Fórum.
Merton, R. K. (1968). Social theory and social structure. Free Press.
Ngo, V. (2015). Transportation Network Companies and the rideshourcing industry: A review of impacts emerging regulatory framworks for Uber. City of Vancouver, transportation 2040 plan team, engineering services, sustainability group.
Organization for Economic Cooperation and Development—Organization for Economic Co-operation and Development, & DAF/COMP. (2009). 20, policy roundtables, two-sided markets.
Ribeiro, I. C. (2021). Análise de impacto Regulatório: Uma abordagem de estudos de eventos. Economic Analysis of Law Review, 11(3). https://doi.org/10.31501/ealr.v11i3.11023
Ribeiro, I. C. (2019). Políticas Públicas e Teorias do Estado: o papel das teorias de médio alcance. REI: Revista de Estudos Institucionais, 5(3), 856–877. https://doi.org/10.21783/rei.v5i3.432
Ribeiro, I. C. (2015). Os megabancos e as crises financeiras: Uma análise teórica e jurimétrica da regulação e do direito concorrencial. São Paulo. Almedina.
Ribeiro, I. C. (2012). Regulação financeira, poder no mercado e crise financeira. Tese de doutorado: USP, Faculdade de Direito, São Paulo.
Ribeiro, I. C. (2010a). Regulatory impact analysis and cost benefit analysis: What is different across the sea? Revista de Direito Público da Economia – RDPE, 32 73–87.
Ribeiro, I. C. (2010b). Cost benefit analysis in financial regulation: First lessons from the 2008 crisis. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, 50, 47–75.
Ribeiro, I. C. (2005). Relações entre Judiciário, Corrupção e Desenvolvimento: o Balanceamento entre Desburocratização e Garantia do Controle da Atividade Pública. Monografia vencedora do I Concurso de Monografias e Redações. Controladoria Geral da União.
Rochet, J.-C., & Tirole, J. (2003). Platform competition in two-sided markets. Journal of the European Economic Association, 1(4), 990–1029. http://www.jstor.org/stable/40005175. https://doi.org/10.1162/154247603322493212
Rolnik, R. (1999). A cidade e a lei: Legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. Studio Nobel.
Salinas, N. S. C. (2013). Avaliação legislativa no Brasil: Apontamentos para Uma nova agenda de pesquisa sobre o modo de produção de leis. Revista Brasileira de Políticas Públicas, 3(2). https://doi.org/10.5102/rbpp.v3i2.2219
Santi, P., Resta, G., Szell, M., Sobolevsky, S., Strogatz, S. H., & Ratti, C. (2014). Quantifying the benefits of vehicle pooling with shareability networks. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 111(37), 13290–13294. https://doi.org/10.1073/pnas.1403657111
Shapiro, C., & Varian, H. R. (1999). Information rules: A strategic guide to the network economy. https://www.oecd.org/daf/competition/44445730.pdf. Harvard Business School Press.
Shy, O. (2001). The economics of network industries. Cambridge University Press.
Sundararajan, A. (2016). The sharing economy: The end of employment and the rise of crow-based capitalism. Cabridge. MIT Press.
Storch, D.-M., Timme, M., & Schröder, M. (2021). Incentive-driven transition to high ride-sharing adoption. Nature Communications, 12(1), 3003. https://doi.org/10.1038/s41467-021-23287-6
Tarduno, M. (2021). The congestion costs of Uber and lyft. Journal of Urban Economics, 122, 103318. https://doi.org/10.1016/j.jue.2020.103318
Teixeira, L. C., & Paraizo, R. C. (2020). Plataformas digitais de mobilidade urbana: Tipos e modos de atuação. Gestão & tecnologia de projetos. 15, (3). https://doi.org/10.11606/gtp.v15i3.166299
Vazifeh, M. M., Santi, P., Resta, G., Strogatz, S. H., & Ratti, C. (2018). Addressing the minimum fleet problem in on-demand urban mobility. Nature, 557(7706), 534–538. https://doi.org/10.1038/s41586-018-0095-1
Warmar, L., & Pereira, R. H. M. (2022). Tendências e desigualdades da mobilidade urbana no Brasil II: características e padrões de consumo da mobilidade por aplicativo. p. 1415-4765. Texto para Discussão/Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Rio de Janeiro, Ipea. ISSN 1415-4765.
Ward, J. W., Michalek, J. J., & Samaras, C. (2021). Air pollution, greenhouse gas, and traffic externality benefits and costs of shifting private vehicle travel to ridesourcing services. Environmental Science and Technology, 55(19), 13174–13185. https://doi.org/10.1021/acs.est.1c01641
Zanatta, R. A. F., & Kira, B. (2018). Regulation of Uber in São Paulo: From conflict to regulatory experimentation (January 24, 2017). International Journal of Private Law (IJPL), 9(1/2), Available at SSRN. https://ssrn.com/abstract=3679407 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3679407
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Frederico Haddad, Ivan César Ribeiro, Benedito Fonseca de Souza Adeodato

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- Resumo 287
- pdf (English) 161
- pdf 97