Chamada de artigos - Edição Especial 2024

EMPREENDEDORISMO ACADÊMICO DIGITAL E SUSTENTÁVEL

TIME EDITORIAL

Editora Chefe

Priscila Rezende da Costa, Universidade Nove de Julho, Brasil

Coeditora

Isabel Cristina Scafuto, Universidade Nove de Julho, Brasil

Editora Científica

Vânia Maria Jorge Nassif, Universidade Nove de Julho, Brasil

Editora Assistente

Angélica Pigola, Universidade Nove de Julho, Brasil

Editores Associados

Eliane Martins de Paiva, Universidade Federal da Paraíba, Brasil

Camila Naves Arantes, Universidade Federal do Triangulo Mineiro, Brasil

Luísa Margarida Cagica Carvalho, Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal

Breno Nunes, Aston University, Inglaterra

Henrique Barros, Dublin City University, Irlanda

Marcos Ferasso, Universidade Lusófona, Portugal

PROPOSTA DA EDIÇÃO ESPECIAL

Nos últimos anos, testemunhamos uma notável aceleração da transformação digital, impulsionada pelo surgimento de um conjunto de tecnologias, plataformas e infraestruturas digitais (Nambisan, 2017; Nambisan et al., 2017; Yoo et al., 2010) que remodelou, de maneira significativa, o cenário empreendedor globalmente. Essas transformações contribuiram para o surgimento de um novo paradigma empreendedor (Nambisan, 2017, Nambisan et al., 2017) denominado empreendedorismo acadêmico digital (Rippa & Secundo. 2019).

O empreendedorismo acadêmico digital surge da interseção entre dois campos já consolidados na literatura (Secundo et al., 2020), o do empreendedorismo acadêmico tradicional com as novas tecnologias digitais (como mídias sociais, dispositivos móveis, análises, impressão 3D, soluções em nuvem e cibernéticas, plataformas digitais e em nuvem, MOOCs, Fab Labs) (Nambisan, 2017; Rippa & Secundo, 2019). Essas tecnologias modificam a natureza dos processos e resultados de negócios, introduzindo novas formas organizacionais e modelos de negócios, fomentando novas formas de ações empreendedoras além dos limites tradicionais das indústiras, acelerando assim, a evolução de novos empreendimentos (Nambisan 2017; Rippa e& Secundo, 2019). Muda, portanto, os modos convencionais do empreendedorismo acadêmico (Rippa & Secundo, 2019).

O debate sobre empreendedorismo acadêmico digital é um tema recente (Garcez et al., 2022; Linzalone et al., 2020) que tem recebido crescente atenção e importância nos últimos anos. Embora os dois temas centrais - tecnologias digitais e empreendedorismo acadêmico – já tenham sido amplamente investigados, a discussão a respeito da interseção entre eles ainda se encontra fragmentado (Secundo et al., 2020), o que oferece novas perspectivas para pesquisas inovadoras.

Nesse contexto, as universidades, como agentes de transferência de conhecimento e tecnologia, atuam na promoção da digitalização e a inovação no ecossistema empreendedor e na sociedade (Toniolo et al., 2020). Recentemente, as atividades básicas de ensino e pesquisa da universidade evoluíram para a chamada terceira missão que estabelece um elo entre a universidade e o ambiente externo, abrangendo três dimensões: transferência de tecnologia e inovação, educação continuada e engajamento social (Etzkowitz & Leydesdorff, 2000; Laredo, 2007; Rippa & Secundo, 2019). As universidades, envolvidas na terceira missão, se constituem em um motor que contribui para a criação de atividades que entregam benefícios socioeconômicos ao ecossistema em que se insere (Compagnucci et al., 2020; Siegel & Wright, 2015).

Diante disso, entendemos que o empreendedorismo acadêmico digital deve ser repensado e construído como um pilar fundamental, garantindo que seu impacto seja duradouro e positivo a longo prazo, além de colaborar para enfrentar desafios globais urgentes. Ao incorporar a sustentabilidade como uma dimensão fundamental para pensar o empreendedorismo acadêmico digital sustentável, as soluções inovadoras, utilizando tecnologias digitais devem ser desenvolvidas para superar questões ambientais, sociais e econômicas e promover a conscientização sobre a importância da sustentabilidade nas práticas empresariais. Essas soluções não apenas impulsionam o progresso científico, mas também têm o poder de transformar setores inteiros e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Essa abordagem responsável visa alcançar um equilíbrio entre o progresso econômico, a preservação ambiental e o bem-estar social, estabelecendo as bases para um futuro sustentável e próspero para as gerações presentes e futuras.

Desse ponto de partida, pretendemos mergulhar nas águas do empreendedorismo acadêmico digital e sustentável para compreender a relevância e as implicações das tecnologias digitais nas diversas formas do empreendedorismo acadêmico. Reconhecendo o nível de complexidade, a alta fragmentação das pesquisas que exploram esse tema e, também, a falta de pesquisas estruturadas e maduras na área (Secundo et al., 2020), gostaríamos de compreender o fenômeno a partir de diferentes perspectivas e, com muito entusiasmo, convidamos todos, da comunidade acadêmica, para contribuir com essa chamada especial sobre empreendedorismo acadêmico digital e sustentável.

Usamos o modelo de Rippa & Secundo (2019) para sugerir tópicos de interesse que incluem, mas não se limitam a:

  • Tecnologias digitais para o empreendedorismo acadêmico digital sustentável – as tecnologias digitais podem levar a uma transformação da motivação tradicional por trás do empreendedorismo acadêmico digital (Rippa & Secundo, 2019). Essa transformação adiciona ao valor econômico (resultante da comercialização do conhecimento gerado pela pesquisa universitária e transferência de conhecimento), valores relacionados aos princípios socioambientais (Adegbile et al., 2021; Rippa & Secundo, 2019). As tecnologias digitais, principalmente por meio das plataformas digitais, oferecem oportunidades para democratizar o conhecimento, conectar o pesquisador e facilitar o compartilhamento em escala global. Além disso, oferecem recursos para a interação e troca de ideias entre as universidades e o mundo empresarial, incentivando a colaboração (Dell’Atti et al., 2023; Garcez et al., 2021; Rippa & Secundo, 2019; Secundo et al., 2020).
  • Os stakeholders envolvidos no empreendedorismo acadêmico digital sustentável - A adoção de novas tecnologias digitais permite a participação de novos stakeholders na pesquisa acadêmica sobre empreendedorismo favorecendo a formação e manutenção de um ecossistema de aprendizagem inteligente que é considerado o espaço mais adequado para incentivar o pensamento criativo e estimular as oportunidades empreendedoras para estudantes universitários empreendedores (Rippa & Secundo, 2019). À medida que mais atores se envolvem, as iniciativas empreendedoras evoluirão cada vez mais.
  • Formas de empreendedorismo acadêmico digital e sustentável – as universidades exercem um papel multifacetado, indo além das atividades educacionais e de pesquisa, ao fornecer expertise necessária para estabelecer novas formas de empreendedorismo acadêmico digital e sustentável (Oppong et al., 2020). É fundamental, compreender essas novas formas de empreendedorismo que estão emergindo, como novas organizações focadas na transferência de tecnologia suportadas por tecnologias digitais, programas de educação em empreendedorismo digital, spinoffs digitais e start-ups de ex-alunos, laboratórios experimentais com ênfase no desenvolvimento sustentável que contribuam para mitigar os impactos ambientais, sociais e econômicos (Rippa & Secundo, 2019; Secundo et al., 2020).
  • Processos para o empreendedorismo acadêmico digital sustentável apoiados pelas tecnologis digitais – adoção de tecnologias digitais geram novos processos de empreendedorismo acadêmico digital e sustentável que compreendem aprendizagem virtual, ambientes de mídia social, laboratórios virtuais 3D, fablabs e aceleradores digitais.

Encorajamos submissões de pesquisa empírica, estudos de caso, revisões sistemáticas, ensaios teóricos e contribuições práticas. Nosso objetivo é criar um corpo de conhecimento que inspire e informe empreendedores, acadêmicos e formuladores de políticas sobre as oportunidades e desafios do empreendedorismo acadêmico digital e sustentável. Juntos, podemos apoiar o avanço do empreendedorismo acadêmico digital e sustentável e contribuir para a construção de um futuro mais próspero e sustentável.

 

DATAS IMPORTANTES

  •  Início da Chamada de Trabalhos: 01 de julho de 2023
  •  Encerramento do Prazo de Submissão: 10 de setembro de 2024
  •  Previsão de publicação de edição especial: 20 de dezembro de 2024

 

DIRETRIZES PARA A PREPARAÇÃO DOS TRABALHOS

Idioma: aceitamos trabalhos em inglês, português e espanhol.

Modalidades de Trabalhos Aceitáveis: Artigos, Perspectivas, Artigo Tecnológico e Resenhas.

Diretrizes para Autores

Submissões

Mais Informações

 

REFERÊNCIAS

Adegbile, S. A., Sarpong, D., & Cao, D. (20231). Industry–University Collaborations in Emerging Economies: A Legitimacy Perspective. IEEE Transactions on Engineering Management, 7(7), 2381-2393. https://doi.org/doi:10.1109/tem.2021.3050859

Compagnucci, L., & Spigarelli, F. (2020). The Third Mission of the university: A systematic literature review on potentials and constraints. Technological Forecasting and Social Change, 161, 120284. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2020.120284

Dell’Atti, V., Russo, G., Dicuonzo, G. &  Palmaccio, M.(2023).  Digital academic entrepreneurship: knowledge and public value from an Italian case study. Knowledge Management Research & Practice. https://doi.org/10.1080/14778238.2023.2174909

Etzkowitz, H. & Leydesdorff, L. (2000). The dynamics of innovation: from National Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of university–industry–government relations. Research Policy,  29(2), 109-123. https://doi.org/10.1016/s0048-7333(99)00055-4

Garcez, A., Silva, R., & Franco, M. (2021). Digital transformation shaping structural pillars for academic entrepreneurship: A framework proposal and research agenda. Education and Information Technologies, 27(1), 1159-1182. https://doi.org/10.1007/s10639-021-10638-5

Garcez, A., Silva, R. & Franco, M. (2022). The hard skills bases in digital academic entrepreneurship in relation to digital transformation. Social Sciences , 11(5), 192. https://doi.org/10.3390/socsci11050192

Laredo, P. (2007). Revisiting the Third Mission of Universities: Toward a Renewed Categorization of University Activities? Higher Education Policy, 20(4), 441–456. https://doi.org/10.1057/palgrave.hep.8300169

Linzalone, R., Schiuma, G., & Ammirato, S. (2020). Connecting universities with entrepreneurship through digital learning platform: functional requirements and education-based knowledge exchange activities. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 26(7), 1525–1545. https://doi.org/10.1108/ijebr-07-2019-0434

Nambisan, S. (2017). Digital entrepreneurship: Toward a digital technology perspective of entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, 41(6), 1029–1055. https://doi.org/10.1111/etap.12254

Nambisan, S., Lyytinen, K., Majchrzak, A., Song, M. (2017). Digital innovation management: Reinventing innovation management research in a digital world. MIS Quarterly. 41 (1), 223–238. https://doi.org/10.25300/MISQ/2017/41:1.03

Oppong, G. Y. S., Singh, S., & Kujur, F. (2020). Potential of digital technologies in academic entrepreneurship – a study. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 26(7), 1449-1476. https://doi.org/10.1108/ijebr-06-2019-0401

Rippa, P., & Secundo, G. (2019). Digital academic entrepreneurship: The potential of digital technologies on academic entrepreneurship. Technological Forecasting and Social Chang, 146, 900-911. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2018.07.013

Secundo, G., Rippa, P., & Cerchione, R. (2020). Digital Academic Entrepreneurship: A structured literature review and avenue for a research agenda. Technological Forecasting and Social Change, 157, 20118. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2020.120118

Siegel, D. S., & Wright, M. (2015). Academic Entrepreneurship: Time for a Rethink? British Journal of Management, 26(4), 582–595. https://doi.org/10.1111/1467-8551.12116  

Toniolo, K., Masiero, E., Massaro, M., & Bagnoli, C. (2020). A grounded theory study for digital academic entrepreneurship. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 26(7), 1567-1587. https://doi.org/10.1108/ijebr-06-2019-0402

Yoo, Y., Henfridsson, O., & Lyytinen, K. (2010). The new organizing logic of digital innovation: An agenda for information systems research. Information Systems Research, 21(4), 724–735. https://doi.org/10.1287/isre.1100.0322