Editorial
DOI:
https://doi.org/10.5585/cpg.v19n2.18878Palavras-chave:
Editorial.Resumo
Entendemos que um editorial pode remeter a um caleidoscópio pela dinâmica plural que os artigos propõem, com temas variados que constituem um movimento de formas e cores diversas.
No número anterior da revista, que abrangeu o período de janeiro a junho deste ano, achamos necessário contextualizar o momento histórico turbulento que atravessávamos, marcado pela pandemia do novo coronavírus. Estamos agora no último mês do ano. Sensações e sentimentos encontram-se embaralhados em meio a tantas indagações, uma vez que a necessidade de distanciamento, isolamento, de um novo jeito de trabalhar, estudar e adquirir bens e serviços exigiu adaptações constantes.
Entre a esperança de uma vacina e o negacionismo da ciência, caminhamos tropegamente no cumprimento do cotidiano. Em edição do início de dezembro, a revista Time publica uma imagem com o número 2020 cortado por um “X” vermelho e declara ser este “o pior ano de todos os tempos”. Como ficar imune, então, a este ano que está para terminar?
Como editoras de uma revista universitária, defendemos a ciência, a pesquisa séria e rigorosa que as universidades produzem e disseminam, e entendemos que posições negacionistas que acreditam que a Terra é plana e outras ideias que mantêm afinidades com estas respaldam-se no senso comum, sem validade científica.
Além da ciência, é importante reconhecer os esforços e as valiosas ações e redes comunitárias estabelecidas por associações, conselhos, movimentos, federações, institutos etc. que elaboraram e assinaram o documento O combate à pandemia Covid-19 nas periferias urbanas, favelas e junto aos grupos sociais vulneráveis: propostas imediatas e estratégias de ação na perspectiva do direito à cidade e da justiça social, disponível na internet, pois, em vez de negar a realidade, trabalham para enfrentar as contradições e mazelas impostas por uma realidade profundamente desigual.
As Ciências Humanas, em especial a educação, com seu grupo de pesquisadores, continuam a propor desafios, trazendo para nosso caleidoscópio uma série de temas que se entrelaçam. Acerca da inclusão, este número da revista traz artigos que tratam da necessidade de pensar a diversidade e a inclusão por vários ângulos, sobretudo na escola; salientam o papel da escola na orientação de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas; discutem a formação de professores associada a uma perspectiva de educação inclusiva; e ressaltam que a segregação supõe uma mediação dos educadores para que não se instale o preconceito.
A formação é aspecto sempre presente em encontros, congressos, seminários, teses e dissertações. Neste sentido, um artigo aborda a formação continuada para professores de Educação Física que apresentam dificuldades com aspectos do planejamento escolar; outro discute o percurso da Atividade de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) no Estado de São Paulo; há também uma discussão sobre fundamentos filosóficos e sociológicos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN); e, na linha de documentos normativos, o relato de uma experiência a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil.
O tema da cultura está presente na busca da compreensão dos saberes culturais amazônicos em tempos de modernidade líquida, como abordada porZygmunt Bauman, e por meio de uma discussão sobre o ensino da história e da cultura afro-brasileira que integrou linguagens como obras literárias, filmes e documentários.
A assistência é vista a partir de dois prismas: a percepção de uma lacuna no que se refere à ideia de assistência estudantil entendida como apoio pedagógico, e uma discussão acerca da assistência e da educação às crianças pobres.
Outra abordagem trata da judicialização do direito à educação, na medida em que direitos são proclamados na legislação brasileira, mas não são garantidos em termos de políticas públicas. O tema da memória é apresentado a partir das lembranças de uma mãe que em 2015 participou de uma ocupação de escola com seu filho.
As questões referentes ao contexto da leitura e escrita são tratadas em dois âmbitos: por um lado, uma análise dos conceitos relacionados ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) para a educação infantil e, por outro, o impacto sobre o desempenho acadêmico de estudantes de Engenharia Civil, na medida em que os alunos que leem mais têm melhor desempenho nas respostas e resoluções de problemas do que os que leem menos.
A preocupação em torno do trabalho é evidenciada tanto por graduandos em Fisioterapia preocupados com sua inserção no mundo profissional como por estudantes que, para desenvolver seu empreendimento, necessitavam de apoio financeiro. E não falta uma discussão crítica à ciência moderna, considerando o cenário em que estamos inseridos e que nos trouxe o que se configurou designar por “pós-verdade”.
Contamos também neste número com duas resenhas.
E assim chegamos ao fim de 2020, quando todos os envolvidos na produção de uma revista − editores, professores, pesquisadores, pareceristas, revisores, diagramadores, colaboradores − empenharam seus esforços para que o conhecimento atingisse um número significativo de pessoas, mostrando que continuamos trabalhando para trazer ideias e suscitar debates que nos tornem cada dia mais reflexivos, críticos e criativos. Nosso objetivo é explorar os vários temas e ângulos de abordagem na Educação, com sensibilidade e autonomia.
Cleide Rita Silvério de Almeida
Elaine Teresinha Dal Mas Dias
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