Evolução do relacionamento entre a alta administração e média gerência em um processo de implementação estratégica no contexto da crise do COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.5585/riae.v21i2.21448Palavras-chave:
Implementação estratégica, Média gerência, Alta administração, Crise, Covid-19.Resumo
Objetivo do estudo: Investigar a evolução da relação entre a alta administração e a média gerência na implementação de estratégia em contexto de crise, mais especificamente a crise desencadeada pelo Covid-19.
Metodologia/abordagem: A abordagem utilizada foi de estudo de caso único, em profundidade. Adotamos uma perspectiva processual, que leva em conta a sequência de acontecimentos e escolhas feitas ao longo do tempo, em múltiplos níveis e unidades de análise. Analisamos documentos e entrevistamos membros da alta administração, da média gerência, da gerência operacional e dois consultores atuando na empresa investigada. Buscamos então identificar instâncias de ação e interação onde poderiam ser revelados padrões temporais.
Originalidade/Relevância: É crescente o número de pesquisas sobre o papel da média gerência no processo estratégico das organizações, mas ainda existem poucos estudos empíricos em contextos de crise. O estudo realizado investiga um processo de implementação estratégica durante a crise do Covid-19, lançando luzes sobre dinâmicas de controle, relacionamento e autonomia envolvendo os níveis da alta e média gerência.
Principais resultados: Identificamos que a crise do Covid-19 viabilizou a maior aproximação da alta administração com a média gerência, intensificada pelas reuniões do Comitê de Crise na organização. A gestão da crise também catalisou o processo de diminuição de ambiguidades e abertura da alta administração para a apresentação e aceitação de ideias vindas dos gestores intermediários.
Contribuições teóricas/metodológicas: Nossos achados contribuem com a literatura sobre crises, ao desvendar tanto o processo do estreitamento das relações entre alta e média gerência, como a construção do conteúdo das contribuições da média gerência, que levaram ao resultado superior. Foram corroborados os impactos das condições facilitadoras propostas por Mantere (2008) a partir do trabalho de Floyd & Wooldridge (1992), mesmo na crise. E também as propostas de Macpherson, Breslin e Akinci (2021) sobre o papel dos gestores intermediários como conectores de iniciativas que não teriam visibilidade, em virtude da situação extrema. Portanto, contribuímos empiricamente com a literatura que reconhece a importância da construção de uma relação de cooperação entre a alta e média gerência para a implementação da estratégia com flexibilidade e alcance de melhores resultados organizacionais.
Contribuições sociais / para a gestão: Para a prática, lançamos pistas adicionais em favor da maior abertura da alta administração para participação da média gerência na implementação e adaptação estratégica, mesmo em contexto de crise. Analogamente, demonstramos que contextos extremos de crise são propensos para repensar estruturas e relacionamentos interorganizacionais, visando a renovação de estratégias e papéis gerenciais.
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