Os intelectuais e acadêmicos latino-americanos: entre dominadores e dominados

Autores

  • Raoni Machado Jardim Departamento de Estudos Latino-americanos (ELA/UnB)
  • Martin-Léon-Jacques Ibáñez Novion Departamento de Estudos Latino-americanos (ELA/UnB)

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n49.10731

Palavras-chave:

Capitalismo, Educação Intercultural, Engajamento Acadêmico

Resumo

Para compreendermos o espaço em que atuam os intelectuais latino-americanos na atualidade é necessário realizar uma revisão sobre a constituição desse campo, dela extraindo, para análise crítica, a relação entre o capitalismo e o desenvolvimento das ciências e das instituições acadêmicas. A naturalização do racismo epistêmico ajudou a estruturar o eurocentrismo e seus binômios hierarquizantes dentro do capitalismo moderno, sendo esta uma característica ainda marcante nos âmbitos de produção de conhecimento, seja na pesquisa ou na docência, hoje fortemente condicionados pelas diretrizes do neoliberalismo transnacional. É diante dessa explanação histórica que a posição dos intelectuais latino-americanos na estrutura acadêmica, marcada pelo paradoxo dominados-dominadores, deve ser analisada. O engajamento deles na abertura das universidades, via uma educação intercultural, crítica, dialógica e horizontalizada será defendido como forma de superação desse paradoxo rumo a um pensamento mais autônomo e representativo das realidades locais da América Latina.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raoni Machado Jardim, Departamento de Estudos Latino-americanos (ELA/UnB)

Doutorando em Sociologia pelo Centro de Estudos Latino-americanos (ELA/UNB). Bolsista do CNPq. Pesquisa sobre Sociologia da Educação/Educação Intercultural/Diversidade Cultural no Ensino Superior/Pensamento Decolonial/Projeto Encontro de Saberes (2015 - atual); Integrante, enquanto pesquisador-colaborador, do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Democracia na América Latina - DDAL (2017 - atual); Integrante, enquanto pesquisador-colaborar, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Movimentos Indígenas, Políticas Indigenistas e Indigenismo - LAEPI (2017 - atual); Integrante do Grupo de Pesquisa Saberes, Educação e Decolonialidade - FE/UnB (2017-atual) Integrante, enquanto pesquisador-colaborador, do GT CLACSO sobre Universidades e Educação Superior (2016-atual); Professor/colaborador do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado (2016-atual); Mestre em Sociologia de la Cultura y el Análisis Cultural. Instituto de Altos Estudios Sociales (IDAES) ? Universidad Nacional San Martín (UNSAM). Buenos Aires, Argentina. Bolsista da Organização dos Estados Americanos (OEA). Dissertação El olvido de la dimensión analítica de clase en la formación discursiva de los nuevos movimientos sociales latinoamericanos (2008 - 2010); Graduado em Ciências Sociais, Dupla habilitação (Licenciatura e Bacharelado). Universidade de Brasília (UnB) (2003-2007)

Martin-Léon-Jacques Ibáñez Novion, Departamento de Estudos Latino-americanos (ELA/UnB)

Doutor em Estudos Latino-Americanos, pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM/2011). Mestre em História pela Universidade de Brasília (UnB/2005). Especialista em Bioética pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Bioética (NEPeB/UnB/2002). Bacharel e Licenciado em História (UnB/1999). Professor e pesquisador do Departamento de Estudos Latino-Americanos (ELA), Credenciado no Programa de Pós-graduação em Estudos Comparados sobre as Américas (PPGECsA), antigo Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas (CEPPAC), do Instituto de Ciências Sociais (ICS/UnB). Co-coordena o Grupo de Pesquisa México, Caribe, América Central y Brasil (MeCACB/UnB) e o Laboratório de Estudos Interdisciplinares Sobre Acesso à Justiça e Direitos nas Américas (LEIJUS). Membro do GT CLACSO - Antiimperialismo, Democracia, Modernización. Desenvolve pesquisas, desde a perspectiva metodológica dos Estudos Latino-americanos, nas temáticas: Hegemonia nas Américas, Geopolítica Latino-americana e Amazônica, Binômio de Integração-Segurança, especificamente a nova agenda de Segurança (Narcotráfico, Meio Ambiente, Terrorismo). História do Pensamento e Teoria Latino-americana, Institucionalização dos Estudos Latino-americanos, e Projetos de Graduação em Estudos Latino-americanos.

Referências

ALTAMIRANO, C. Términos críticos de Sociología de la Cultura. Buenos Aires: Paidós, 2002.

BARBERO, J. M. Los bicentenarios latinoamericanos: nación y democracia. Nuestros malestares en lo nacional. En: NUN, José; GRIMSON, Alejandro. Convivencia y buen gobierno: Nación y democracia en América Latina. Bueno Aires: Edhasa, 2006.

BORÓN, A. Las ciencias sociales en la era neoliberal: entre la academia y el pensamiento crítico. XXV Congresso ALAS, 25, ago. 2005, Porto Alegre, Brasil. Anais. Porto Alegre, 2005.

BOURDIEU, P.; WACQUANT, L. Sobre as Artimanhas da Razão Imperialista. Revista Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 15-33, 2002.

BRASIL, Lei nº 12.711/12. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências 2012. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23 dez. 1996.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 10 jan. 2003.

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da União. Brasília, 11 mar. 2008.

BRASIL. Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5051.htm

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

BROWITT, J. La teoria decolonial: buscando la identidade em el mercado académico. Cuaderno de Literatura, v. 18, n. 36, jul./dez. 2014.

BURKE, P. O que é história do conhecimento? Tradução Cláudia Freire. São Paulo: Ed. Unesp, 2015.

CARVALHO, J. J. A inclusão étnica e racial do ensino superior: um desafio para as universidades brasileiras. En: SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, 2., 2004, Novo Hamburgo. Anais. Novo Hamburgo, 2004.

CARVALHO, J. J.; ÁGUAS, C. Encontro de Saberes: Um desafio Teórico, Político e Epistemológico. En: SANTOS, B. S.; CUNHA, Teresa (Org.). Actas do Colóquio Internacional Epistemologias do Sul: Aprendizagens globais Sul-Sul, Sul-Norte e Norte-Sul. Democratizar a democracia. Coimbra: Universidade de Coimbra: 2015, v. 1.

CARVALHO, J. J.; FLÓREZ-FLÓREZ, J. Encuentro de Saberes: Proyecto para decolonizar el conocimiento universitário eurocéntrico. Revista Nómadas (Col), Universidad Central. Bogotá, Colombia, n. 41, p.131-147, oct. 2014.

CARVALHO, J. J.; FLÓREZ-FLÓREZ, J.; MARTÍNEZ, M. El Encuentro de Saberes: Hacia una universidad pluriepistemica. En: AYALA, N. A. C.; RESTREPO, C. A. Saberes nómadas: Derivas del pensamiento propio. Bogotá, Colômbia: Universidad Central. Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos – IESCO, 2017.

CASTRO-GÓMEZ, S. La Hybris del punto cero:ciencia, raza e ilustración en la Nueva Granada (1750-1816). Revista Nómadas, n. 26, 2007, p. 247-250, Universidad Central. Bogotá, Colombia, 2005.

CASANOVA, P. G. Colonialismo interno. A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas. En: BORON, A. A.; AMADEO, J.; GONZALEZ, S. A teoria marxista hoje: Problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, 2007.

CHAUÍ, M. Intelectual engajado: uma figura em extinção? En: NOVAES, A. (Org.). O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

DOMENECH, E. El Banco Mundial en el País de la Desigualdad: Políticas y discursos neoliberales sobre diversidad cultural y educación en América Latina. En: ALEJANDRO, G. (Coord.). Cultura y neoliberalismo. Buenos Aires: CLACSO, 2007. p. 61-89.

DUSSEL, E. Europa, modernidade e eurocentrismo. En: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: CLACSO, set. 2005. (Coleção Sur Sur).

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

GOHN, M. G. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 1997.

GRAMSCI, A. Los intelectuales y la organización de la cultura. Buenos Aires: Lautaro, 1960.

GRÜNER, E. Introducción: El retorno de la teoría crítica de la cultura: Una introducción alegórica a Jameson y Zizek. En: JAMESON, F.; ZIZEK, S. Estudios Culturales: Reflexiones sobre el Multiculturalismo. Buenos Aires – Barcelona – México: Paiadós, 2008. p. 11-64.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira. 2016. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo Populacional. 2010. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 jun. 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Censo do Ensino Superior. 2013. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica>. Acesso em: 20 jun. 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Educacenso. 2010. Disponível em: <http://censobasico.inep.gov.br/censobasico/#/>. Acesso em: 20 jun. 2018.

JAMENSON, F. Sobre los “Estudios Culturales”. Estudios Culturales: Reflexiones sobre el Multiculturalismo. En: JAMESON, F.; ZIZEK, S. Estudios Culturales: Reflexiones sobre el multiculturalismo. Buenos Aires – Barcelona – México: Paiadós, 2008. p. 69-137.

JARDIM, R. M. M. Educação intercultural e o Projeto Encontro de Saberes: Do giro decolonial ao efetivo giro epistêmico. Brasília: Novas Edições Acadêmicas, 2019.

JARDIM, R. M. M. El “olvido” de la dimensión de clase en la formulación teórica de los nuevos movimientos sociales latinoamericanos. Dissertação de mestrado. Universidad Nacional San Martín – UNSAM. Disponível em: http://ri.unsam.edu.ar/greenstone/cgi-bin/library.cgi?e=d-01000-00---off-0coltesis--00-1----0-10-0---0---0direct-10----4-------0-1l--11-es-50---20-about---00-1-1-00-00--4--0--0-0-11-10-0utfZz-8-00&a=d&c=coltesis&cl=CL1.10&d=TMAG_IDAES_2010_JRMM

MAGALHÃES, A. M. A Identidade do Ensino Superior: a Educação Superior e a Universidade. Revista Lusófona de Educação, n. 7, p. 13-40; 2006.

MARX, K. Teses sobre Feuerbach. Fonte Digital. EbooksBrasil.org. Ed. Ridendo Castigar Mores. 1999. [1845]

MATO, D. Think Tanks, fundaciones y profesionales en la promoción de ideas (neo)liberales en América Latina. En: GRIMSON, A. Cultura y neoliberalismo. Buenos Aires: CLACSO, 2007.

NOVIÓN, M. L. J. I. Hegemonía, integración y seguridad en las américas en principios del siglo XXI. En: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. 38., 2014. Disponível em: <https://anpocs.com/index.php/papers-38-encontro/gt-1/gt26-1>. Acesso em: 20 set. 2017.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. En: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autonoma de Buenos Aires, Argentina: CLACSO, set. 2005. p. 227-278. (Colección Sur Sur)

RIVERA CUSICANQUI, S. Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

STAVENHAGEN, R. La questión étnica. México: El Colégio de México, Centro de Estudios Sociológicos, 2001.

STRATTA, F.; BARRERA, M. Movimientos sin clase o clase sin movimiento? Notas sobre la recepción de la teoría de los Movimientos Sociales en la Argentina. Revista Conflicto Social, año 2, n. 1, 2009.

WALLERSTEIN, I. A análise dos sistemas-mundo como movimento do saber. En: VIEIRA, P. A.; LIMA VIEIRA, R.; FILOMENO, F. A. (Org.). O Brasil e o capitalismo histórico: passado e presente na análise dos sistemas-mundo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p.17-28

WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: perspectivas críticas y políticas. Visão Global, Joaçaba, v. 15, n. 1-2, p. 61-74, 2012.

Downloads

Publicado

01.07.2019

Como Citar

JARDIM, Raoni Machado; NOVION, Martin-Léon-Jacques Ibáñez. Os intelectuais e acadêmicos latino-americanos: entre dominadores e dominados. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 49, 2019. DOI: 10.5585/eccos.n49.10731. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/10731. Acesso em: 27 ago. 2024.