A disputa dos recursos públicos da educação básica, os arranjos do estado com o mercado e seus impactos na gestão democrática e participativa da educação no âmbito dos municípios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n58.20847

Palavras-chave:

CACS Fundeb, financiamento da educação básica, gestão democrática da educação, privatização da educação básica

Resumo

Este trabalho analisa o financiamento da educação, com foco na transferência dos recursos da Educação Básica para o setor privado e seus impactos para a gestão democrática da educação, no âmbito dos municípios. Justifica-se pelo processo de disputa em que se encontram a regulamentação no Novo Fundeb e os recursos destinados à Educação Básica brasileira, neste período de capitalismo financeiro, e pela importância do acompanhamento das tensões na regulamentação do Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS) do Fundeb. A questão que se coloca é: a que está vinculado todo esse processo? Para respondê-la, considerando o objetivo e a justificativa apresentados, o trabalho se fundamenta em estudos teóricos e empíricos sobre a temática. Conclui-se que o comprovado avanço do capital em vários setores da educação básica impacta a gestão democrática e participativa da educação, no âmbito dos municípios, colocando em risco o fortalecimento da escola pública como garantia do direito constitucional à educação e como caminho para a redução das desigualdades sociais. E também que esse processo é parte do projeto neoliberal de interesse de determinados grupos nacionais e internacionais, acelerado pelo avanço de um certo radicalismo de direita no país.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADORNO, Theodor. Aspectos do novo radicalismo de direita. São Paulo: Editora Unesp, 2020.

ADRIÃO, Theresa e PERONI, Vera Maria Vidal. Programa Dinheiro Direto na Escola: Uma proposta de redefinição do Estado na educação? Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007. 204 p.

ADRIÃO, Theresa e PERONI; GARCIA, T.; AZEVEDO, J. P. Compulsory education in Brazil: privatization trends and limits the right to education. problems of education in the twenty first century, Journal Problems of Education in the 21st Century, v. 75 (4), p. 324-334, ago. 2017.

ADRIÃO, Theresa e PERONI; DOMICIANO, Cassia Alessandra. A Educação Pública e as Corporações: avanços e contradições em uma década de ampliação de investimento no Brasil. FINEDUCA – Revista de Financiamento da Educação, Porto Alegre, v. 8, n. 3, 2018.

ADRIÃO, Theresa e PERONI; GARCIA, T. (orgs). Currículo, Gestão e oferta da Educação Básica brasileira: incidência de atores privados nos sistemas estaduais (2005-2015). Coleção estudos sobre a privatização da educação no Brasil. Curitiba: CRV, 2018.

ALMEIDA, Sandy Katherine Weiss. O Diretor de Escola e a Gestão Escolar: formação e práticas em escolas municipais paulistanas. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2021

ARAÚJO, Luiz. O CAQi e o novo papel da União no financiamento da Educação Básica. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. 300p.

ARRETCHE, Marta Teresa da Silva. O Mito da Descentralização: Maior Democratização e Eficiência das Políticas Públicas? Revista Brasileira de Ciências Sociais, ANPOCS, n.31, 1996.

BANCO MUNDIAL. Relatório do Desenvolvimento Mundial 1998/1999: El conocimiento al servicio del desarrollo, Washington, DC, 1999.

BANCO MUNDIAL. Construir sociedades del conocimiento : nuevos desafíos para la educación terciaria. Washington, 2003. ISBN 958-96760-8-1. Disponível em: https://documents.worldbank.org/pt/publication/documents-reports/documentdetail/287031468168578947/construir-sociedades-del-conocimiento-nuevos-desafios-para-la-educacion-terciaria. Acesso em: 17 jun. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Emenda Constitucional 108, de 26 de agosto de 2020. Dispõem sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 de ago. 2020. Seção 1, p.5.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Emenda Constitucional n.95, de 15 de dezembro de 2016. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 dez. 2016. Seção 1, p. 2.

BRASIL. Lei Federal nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016. Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, a Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei nº 8.010, de 29 de março de 1990, a Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012, nos termos da Emenda Constitucional nº 85, de 26 de fevereiro de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13243.htm. Acesso em: 18 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em: 18 jun. 2021.

BRASIL. Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Disponível em: . http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp131.htm Acesso em: 18 jun. 2021.

BRASIL. Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996. p. 27833.

BRASIL. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso xxi, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da administração pública e dá outras providências. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=8666&ano=1993&ato=beaEzYU5ENFpWTd78. Acesso em: 18 jun. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em 13 jun. 2019.

BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo Parasitário. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

BIANCHETT, R. G. O modelo neoliberal e as políticas educacionais. São Paulo: Editora Cortez, 1997

CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO. Semana de Ação Mundial 2021. Disponível em: https://semanadeacaomundial.org/2021/materiais/. Acesso em: 18 jun. 2021.

CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO. Nota Técnica EC 26/2020: Por que é imprescindível constitucionalizar o CAQ. Campanha: agosto, 2020. São Paulo: Campanha. Disponível em: https://campanha.org.br/. Acesso em 11 nov. 2020.

CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO. Por que 7% do PIB para a Educação é pouco? Cálculo dos investimentos adicionais necessários para o novo PNE garantir um padrão mínimo de qualidade. São Paulo: Campanha, 2011b. Disponível em: https://campanha.org.br/. Acesso em: 02 fev. 2019.

CARA, Daniel. Por Que 10% do Pib Para a Educação Pública? A Posição da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Educação em Revista, Marília, v. 13, n. 1, p. 13-30, jan./jun. 2012.

CARREIRA, Denise; PINTO, R., José Marcelino Rezende. Custo Aluno-Qualidade Inicial: rumo à educação pública de qualidade no Brasil. Cortez: São Paulo, 2006.

CARDOSO, Vania Marques. Tempo para Colaborar? Olhares sobre o significado e os sentidos atribuídos pelos docentes ao horário de trabalho coletivo. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2015.

CARDOSO, Vania Marques. Uma Escola Administrada para Todos: Política Pública de ampliação da Educação Básica no Brasil nas últimas quatro Décadas. Tese de Doutoramento. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2019.

CAVALCANTE, P. Convergências entre a Governança e o Pós-Nova Gestão Pública. 1ª ed. Brasília: Ipea, 2018.

DAVIES, Nicholas. O financiamento da educação estatal no Brasil: novos ou velhos desafios? Revista Educação. PUC-Rio, nº10, p.31-63, 2012. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20039/20039.PDF. Acesso em 10 set. 2019.

DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo: por que oito famílias tem mais riqueza do que a metade da população do mundo? São Paulo: Autonomia Literária, 2017.

FATTORELLI, Maria Lucia. Auditoria Cidadã da Dívida Pública: experiências e Métodos. Maria Lucia Fattorelli (org). Brasília: Inove Editora, 2013.

HARVEY, David. A loucura da razão econômica: Marx e o capital no século XXI. 1ªed. São Paulo: Boitempo, 2018.

HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2011.

KRAWCZYK, Nora. A sustentabilidade da reforma educacional em questão: a posição dos organismos internacionais. Revista Brasileira de Educação, n. 19, jan./mar./abr. 2002.

KUBO, Gisele Pereira. A Gramática de Participação do Diretor de Escola na Administração de Recursos Financeiros em Escolas Públicas da Cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2021.

LAVAL, Christian. A Escola não é uma empresa, o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Planta, 2004.

LINDH, Maria; NOLIN, Jan. Information we collect: surveillance and privacy in the implementation of Google apps for education. European Educational Research Journal, Oxford, v. 15, n. 6, p. 644 – 663, jul. 2016.

MELO Emanuel Lucas Batista de. As Práticas da Progressão Continuada como Produtoras do Lumpemproletariado. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2020.

PAULA, Ana Paula Paes de. Administração Pública Brasileira: entre o gerencialismo e a gestão social. eRAE. São Paulo. Vol. 45, n.1, jan./mar, 2005, pp.36-49.

PARRA, H. Z. M.; CRUZ, L.; AMIEL, T. e outros. Infraestruturas, Economia e Política Informacional: o Caso do Google Suite For Education. Dossiê - Vigilância, controle e novas tecnologias. Mediações, Londrina, v. 2, n. 1, p. 63-99, jan./jun. 2018.

PERONI V. M. V.; CAETANO M. R.; ARELARO L. R. G. BNCC: disputa pela qualidade ou submissão da educação? Revista Brasileira de Política e Administração da Educação- RBPAE, v. 35, n. 1, p. 035 - 056, jan./abr. 2019.

PINTO, Élida Graziane; XIMENES, Salomão Barros. Financiamento dos direitos sociais na Constituição de 1988: do “pacto assimétrico” ao “estado de sítio fiscal”. Revista Educação & Sociedade, Campinas, v. 39, nº. 145, p.980-1003, out./dez. 2018.

PINTO, José Marcelino de. O financiamento da educação na Constituição Federal de 1988: 30 anos de mobilização social. Revista Educação & Sociedade, Campinas, vol. 39, n. 145, p. 846-869, nov. 2018.

ROGGERO, Rosemary; COSTA, Ana Araújo; PISANESCHI, Lucilene C.S. (orgs.). Financiamento da Educação Básica e a escola como agência multifuncional na sociedade neoliberal. São Paulo: BTAcadêmica, 2020.

ROGGERO, Rosemary; SILVA, Adriana Zanini da (orgs). O financiamento das escolas de Educação Básica na gestão democrática e participativa. São Paulo: BT Acadêmica, 2019.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o Autoritarismo Brasileiro. São Paulo: Companhai das Leras, 2019.

ROGGERO, Rosemary; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SILVA, Adriana Zanini da. O financiamento da Educação Básica no Brasil contemporâneo: avanços e contradições revelados nos gastos da educação de Santo André. 2021. Tese de Doutoramento – Orientação: Rosemary Roggero. Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2021.

SILVA, Adriana Zanini da; ROGGERO, Rosemary. A descentralização de recursos no financiamento da educação básica. In: ROGGERO, Rosemary e SILVA, Adriana Zanini da (orgs). O financiamento das escolas de Educação Básica na gestão democrática e participativa. São Paulo: BT Acadêmica, 2019.

SILVA, Gicelia Santos. Direito e Financiamento na Educação Infantil de 0 a 3 anos – um estudo exploratório dos processos de privatização no município de São Paulo. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Universidade Nove de Julho – UNINOVE, 2020.

SOUZA, Ana Melícia Moraes de. Formação e Sustentabilidade na Sociedade Capitalista de Consumo: a gestão do material escolar em uma escola estadual de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Rosemary Roggero. São Paulo: Uninove, 2017.

VIDAL, Eloísa Maia; VIEIRA, Sofia Lerche. Política de Financiamento da educação no Brasil: uma (re)construção histórica. Revista Em Aberto, Brasília, v. 29, n. 93, p. 14-42, jan./jun. 2015.

XIMENES, Salomão Barros. Direito à educação e sistemas privados de ensino nas redes públicas: hipóteses para análise jurídica. Educação (Rio Claro. Online), v. 25, p. 563-577, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.18675/1981-8106.vol25.n50.p563-577. Acesso em: 23 set. 2019.

Downloads

Publicado

30.09.2021

Como Citar

ROGGERO, Rosemary; ZANINI DA SILVA, Adriana. A disputa dos recursos públicos da educação básica, os arranjos do estado com o mercado e seus impactos na gestão democrática e participativa da educação no âmbito dos municípios. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 58, p. e20847, 2021. DOI: 10.5585/eccos.n58.20847. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/20847. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê 58 - Financiamento da educação contemporânea: desafios e impasses