Montaigne: A educação sob perspectiva do cepticismo intelectual e do estoicismo moral no Renascimento
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n39.5289Palavras-chave:
Ceticismo. Educação. Estoicismo. Filosofia. Renascimento.Resumo
Sob perspectiva educacional, a filosofia de Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) oferece a possibilidade de uma pedagogia pautada no ceticismo intelectual e no estoicismo moral, uma vez que, segundo o ensaísta francês, em sendo impossível a aquisição do conhecimento definitivo ou inquestionável, restaria apenas a busca incessante por algo que seja, ao menos, um pouco mais confiável ou provável, da mesma forma que seria imperativo educar o indivíduo para uma conduta virtuosa e implacável no cumprimento do dever moral. Nesse ínterim, o objetivo deste artigo, que se justifica na necessidade de aproximar a filosofia e a educação, é demonstrar a aplicabilidade do pensamento filosófico de Montaigne à reflexão educacional, oferecendo, para isso, uma visão panorâmica do contexto histórico ao qual pertence, isto é, o Renascimento, assim como da sua obra magna (Ensaios), dela extraindo elementos para a compreensão da sua filosofia em geral e, em particular, da contribuição de suas reflexões para uma fundamentação filosófica da educação, sob perspectiva cética e estoica. Como resultado, apresenta-se que o cepticismo intelectual e o estoicismo moral de Montaigne permanecem como alertas contra possíveis enganos, erros, ilusões ou equívocos causados por concepções que não fazem questionar até que ponto o saber é confiável, do mesmo modo que fazem ignorar a importância da formação da conduta humana. Espera-se que estas considerações no tocante às ideias filosóficas e educacionais de Montaigne, vinculadas ao seu contexto histórico, possam suscitar reflexões sobre a problemática da fundamentação teórica da educação, em prol de uma prática pedagógica que usufrua das contribuições teóricas oferecidas pela filosofia.