Os usos do funk na educação antirracista: pensando o poder da música

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n61.21819

Palavras-chave:

antirracismo, cultura, educação, identidade, música.

Resumo

Este artigo apresenta reflexões sobre os usos da música do baile funk na educação e na ação social, especialmente na educação antirracista. Será considerado o poder da música através de fundamentação teórica-metodológica com referenciais da educação antirracista (GILBORN, 2007; GILROY, 2001; GOMES, N. 2017) e do campo das Ciências Sociais (DENORA, 2003; HENNION, 2001; PRIOR, 2011). Utilizaremos também ferramentas oriundas da análise crítica do discurso, de Van Dijk (2001). A análise efetuada abre espaço para que seja possível pensar o funk não apenas na educação, mas também na luta antirracista, onde se faz necessário refletir melhor sobre as noções de cultura e identidade a partir de uma perspectiva crítica. Como estes termos são frequentemente mobilizados no pensamento sobre a música, este enfoque crítico é crucial para compreender como a música do baile funk pode ser parte de uma educação antirracista. A proposta parte de uma análise da música em ação. Será considerado também como a prática da educação antirracista ainda encontra resistências, disputas e ambiguidades em sua construção. 

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Biografia do Autor

Bruno Muniz, Universidade de Coimbra, Portugal

PhD em Sociologia na London School of Economics and Political Science. Investigador em pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais(CES), Universidade de Coimbra, Portugal. (Projeto 725402 - POLITICS - ERC-2016-COG).

Marcos Antonio Batista da Silva, Universidade de Coimbra, Portugal

Doutor em Psicologia Social pela PUC-SP. Investigador em pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais(CES), Universidade de Coimbra, Portugal (Projeto 725402 - POLITICS - ERC-2016-COG).

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Publicado

28.06.2022

Como Citar

MUNIZ, Bruno; BATISTA DA SILVA, Marcos Antonio. Os usos do funk na educação antirracista: pensando o poder da música. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 61, p. e21819, 2022. DOI: 10.5585/eccos.n61.21819. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/21819. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Dossiê 61 - Cidades Educadoras