A pedagogia das competências e o “novo” ensino médio: currículo utilitarista e a centralidade da avaliação
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n62.23198Palavras-chave:
BNCC, currículo, ensino médio, pedagogia das competências, pedagogia histórico-crítica.Resumo
O texto apresenta argumentos, indicando que o “novo” Ensino Médio no Brasil e a reorganização curricular via Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem suas vertentes na pedagogia das competências, já utilizadas no final da década de 1990. Para além disso, expõe o viés utilitarista da formação imposta aos anos finais da educação básica, priorizando as demandas do mercado produtivo e a centralidade da avaliação. Logo, o texto foi estruturado em dois momentos. No primeiro momento, explicita as principais políticas dos anos de 1990 para o Ensino Médio e a semelhança com a reforma que está em fase de implantação a partir da Lei n 13.415 (BRASIL, 2018), endossando a premissa de um currículo utilitarista com a centralidade da avaliação. No segundo, apresenta as análises do Banco Mundial sobre a necessidade de mudanças imperativas nas políticas educacionais com o objetivo de melhorar os resultados dos estudantes do país, considerados muito fracos em relação aos de países equivalentes. Por fim, em forma de conclusão do artigo, mas como luta permanente, expõe-se a contrariedade com a reforma do Ensino Médio e a formação esvaziada via BNCC, como reivindicação da Pedagogia Histórico-Crítica, enquanto prática revolucionária que prioriza a apropriação dos conhecimentos científicos e a superação da sociedade capitalista.
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