As competências e habilidades socioemocionais: origens, conceitos, nomenclaturas e perspectivas teóricas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n63.23287

Palavras-chave:

competências socioemocionais, habilidades socioemocionais, habilidades para o século XXI, habilidades para a vida, três “Es”.

Resumo

Ao longo da história, os conceitos de competência e habilidade têm sido construídos sob diferentes perspectivas teóricas. Embora esses conceitos muitas vezes venham sendo utilizados de forma errônea como sinônimos, conhecendo os diferentes vieses dos campos da psicologia, da administração e economia e da educação, buscamos compreender os constructos teóricos que os sustentam e que deram origem ao uso dos termos competências e habilidades como prefixos acrescidos dos sufixos “não cognitivas”, “socioemocionais”, “para a vida” e “para o século XXI”. Nesse contexto, assumindo o enfoque teórico, o presente artigo tem como objetivo elucidar os pontos de vista teóricos e apresentar as perspectivas envolvidas no emprego destas nomenclaturas. Para isso, parte da conceituação dos termos competência e habilidade e seus desdobramentos, passando pela psicologia da personalidade e pela crítica ao uso do modelo Big Five (ALMUND et al. 2011) como constructo teórico para definir esses termos, finalizando com a apresentação dos conceitos e a busca de convergências nas definições e perspectivas dos diferentes agentes envolvidos: UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO, 2000), CASEL - Collaborative to Advance Social and Emotional Learning (PAYTON et al. 2008) e P21 - Partnership for 21st Century Learning (P21, 2009).

Downloads

Biografia do Autor

Patrick Marinho Duarte, Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação – USP Universidade Nove de Julho - Uninove.

Doutorando do programa de pós graduação em Educação da Faculdade de Educação da USP.

Professor supervisor de estágios da diretoria de Educação da Universidade Nove de Julho.

Ulisses Ferreira de Araújo, Escola de Artes Ciências e Humanidades - EACH da Universidade de São Paulo (USP) Faculdade de Educação - FE da Universidade de São Paulo (USP)

Professor Titular Sênior da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, é membro e ex-Diretor do Centro de Pesquisa "Novas Arquiteturas Pedagógicas" da Universidade de São Paulo, Brasil. É Presidente da PAN-PBL: Associação de Aprendizagem Baseada em Problemas e Metodologias de Aprendizagem Ativa. Seus interesses de pesquisa também incluem psicologia moral e educação, tecnologias educacionais e inovação e ética e compromisso com a cidadania.

Referências

AULETE, C. Aulete Digital – Dicionário contemporâneo da língua portuguesa: Dicionário Caldas Aulete, vs online. Acesso em: 20 Out. 2022.

ALLPORT, G. W. Personality: A psychological interpretation. Holt, 1937.

ALMLUND, M. et al. Personality Psychology and Economics. National Bureau of

Economic Research - NBER, 2011. DOI: https://doi.org/10.3386/w16822. Acesso em: 20 Out. 2022.

ARANTES, V. A afetividade no cenário da educação. Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.

ARAÚJO, U. F. A construção social e psicológica dos valores. In: ARAÚJO, U. F.; PUIG, J.; ARANTES, V. (org). Educação e valores: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2007. (Coleção pontos e contrapontos).

BINET, A.; SIMON, T.. Les enfants anormaux. Paris 5: Libraria Armand Colin, 1907.

BURGOYNE, J. Management Development for the Individual and the Organisation. Personnel Management, v. 20, n. 6, pp. 40-44. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/201381710_Management_Development_for_the_Individual_and_the_Organisation. Acesso: 25 Out. 2022.

CARNEIRO, et al. Desenvolvimento Das Competências Socioemocionais Em Sala De Aula / Development of Socioemotional Skills in the Classroom. ID on Line. Revista De Psicologia, v. 14, pp. 1-14, 2020. DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v14i53.2775. Acesso: 25 Out. 2022.

CASEL. Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning. About Us. Disponível em: https://casel.org/about-us/. Acesso: 23 Out. 2022.

CERVONE, D.; Pervin, L. Personality: Theory and Research. New York: Wiley and Sons, 2013.

CHERNYSHENKO, O. et al. Social and emotional skills for student success and well-being: Conceptual framework for the OECD study on social and emotional skills, OECD Education Working Papers, n. 173, OECD Publishing, Paris, 2018a. DOI: https://doi.org/10.1787/db1d8e59-en. Acesso: 25 Out. 2022.

CHERNYSHENKO, O. et al. Social and Emotional Skills Well-being, connectedness and success. OECD “Centre for educational Research and Innovation, OECD Publishing, Paris, 2018b. Disponível em: https://www.oecd.org/education/school/UPDATED%20Social%20and%20Emotional%20Skills%20-%20Well being,%20connectedness%20and%20success.pdf%20(website).pdf. Acesso: 10 Dez. 2022.

CUNHA, A.G. Dicionário Etimológico da língua portuguesa. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

CRONBACH, L. J. Beyond the two disciplines of scientific psychology. American Psychologist, v. 30, n. 2, pp. 116–127, 1975. DOI: https://doi.org/10.1037/h0076829. Acesso: 25 Out. 2022.

CROZIER, M. e FRIEDBERG, E. L’acteur et le système. Paris, Du Seuil, 1977.

DE LANDSHEERE, G. A Investigação Experimental em Pedagogia. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1986.

DOYLE O, et al. Investing in early human development: timing and economic efficiency. Econ Hum Biol. v. 7, n. 1, pp. 1-6. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ehb.2009.01.002. Acesso: 25 Out. 2022.

DUARTE, P. As competências e habilidades socioemocionais necessárias aos professores do século XXI: um estudo à luz da ética, da excelência e do engajamento. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação, Linguagem e Psicologia) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. DOI: https://doi.org/10.11606/D.48.2021.tde-28062021-123023. Acesso: 25 Out. 2022.

DUCKWORTH, A.; YEAGER, D.. Measurement Matters: Assessing Personal Qualities Other Than Cognitive Ability for Educational Purposes. Educational Researcher ,vol. 44 pp. 237-251, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.3102/0013189X15584327. Acesso: 25 Out. 2022.

GARDNER, H. et al. Responsabilidade no trabalho. São Paulo: Artmed, 2009.

GOLDBERG, L. R. The structure of phenotypic personality traits. American Psychologist, v. 48, n. 1, pp. 26–34, 1993. DOI: https://doi.org/10.1037/0003-066X.48.1.26. Acesso: 25 Out. 2022.

GUILFORD, J. P. Three faces of intellect. American Psychologist, v. 14, n. 8, pp. 469-479, 1959. DOI: https://doi.org/10.1037/h0046827. Acesso: 25 Out. 2022.

HARRISON J. Noncognitive proponents' conflation of “cognitive skills” and “cognition”

and its implications, Personality and Individual Differences, v. 134, pp. 25- 32, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2018.05.025. Acesso: 25 Out. 2022.

HECKMAN, J. The Case for Investing in Disadvantaged Young Children, CESifo DICE Report. ifo Institut für Wirtschaftsforschung an der Universität München, München, v. 06, n. 2, 2008 pp. 3-8. Disponível em: https://ideas.repec.org/a/ces/ifodic/v6y2008i02p3-8.html. Acesso em: 22 Out. 2022.

HECKMAN, J.; KAUTZ, T. “Hard Evidence on Soft Skills. Labour Economics. v. 19, n. 4, pp. 451–464, 2012. DOI: https://doi.org/10.3386/w18121. Acesso: 25 Out. 2022.

JOHN, O.; SRIVASTAVA, S. The Big-Five trait taxonomy: History, measurement, and theoretical perspectives. In L. A. Pervin & O. P. John (Eds.), Handbook of personality: Theory and research v. 2, pp. 102–138. Nova Iorque: Guilford Press. Disponível em: https://www.ocf.berkeley.edu/~johnlab/bigfive.htm Acesso: 20 Out. 2022.

KAROLY, L. et al., Early Childhood Interventions: Proven Results, Future Promise. Santa Monica, CA: RAND Corporation, 2005. Disponível em: https://www.rand.org/pubs/monographs/MG341.html Acesso: 22 Out. 2022.

KATZ, R. L. Skills of an effective administrator. Harvard Business Review, n. 52, pp.

-102, 1974. Disponível em: https://hbr.org/1974/09/skills-of-an-effectiveadministrator. Acesso: 25 Out. 2022.

KRUEGER, R. F.; EATON, N. R. Personality traits and the classification of mental

disorders: toward a more complete integration in DSM-5 and an empirical model of

psychopathology. Personality disorders, v. 1, n. 2, pp. 97–118, 2010. DOI: https://doi.org/10.1037/a0018990. Acesso: 25 Out. 2022.

LAMIELL, J. A periodic table of personality elements? The "Big Five" and trait "psychology" in critical perspective. Journal of Theoretical and Philosophical Psychology, v. 20, n. 1, pp. 1–24. DOI: https://doi.org/10.1037/h0091211. Acesso: 25 Out. 2022.

MESSICK, S. Potential uses of noncognitive measurement in education. Journal of Educational Psychology, v. 71, n. 3, pp. 281-292, 1979. https://doi.org/10.1037/0022-0663.71.3.281. Acesso: 25 Out. 2022.

MICHAELIS. Michaelis Digital – A mais completa linha de dicionários do Brasil: Dicionário Michaelis, vs online. Acesso em: 20 Out. 2022.

MORIN, E. O método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2002.

MCCLELLAND, D. C. Testing for competence rather than for "intelligence." American Psychologist, v. 28, n. 1, pp. 1–14, 1973. DOI: https://doi.org/10.1037/h0034092. Acesso: 25 Out. 2022.

MCCLELLAND, D. C. A Guide to Job Competency Assessment. Boston, MA: McBer, 1976.

NEISSER, U. Cognitive psychology. New York: Appleton-Century-Crofts, 1967.

OECD. The future of education and skills: Education 2030. The Future we want. 2018. Disponível em: https://www.oecd.org/education/2030/E2030%20Position%20Paper%20(05.04.2018).pdf. Acesso: 25 Out. 2022.

P21. P21 Framework Definitions. P21 Partnership for 21th century learning. ERIC: Institute Of Education Sciences, 2009. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED519462.pdf. Acesso: 25 Out. 2022.

PAYTON, J. et al. The positive impact of social and emotional learning for kindergarten to Eight-Grade students. Findings from three Scientific Reviews Technical Report. Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning, Chicago, 2008. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED505370.pdf. Acesso: 19 Out. 2022.

PIAGET, J. Relações entre a afetividade e a inteligência no desenvolvimento mental da criança. Rio de Janeiro: Wak, 2014.

PIERON, H. Vocabulaire de la psychologie. Presses universitaires de France, 1973.

SASTRE, G.; MORENO MARIMÓN, M. Resolución de conflictos y aprendizaje emocional. Barcelona: Gedisa, 2002.

SANTOS, D.; Primi, R. Desenvolvimento socioemocional e aprendizado escolar: uma proposta de mensuração para apoiar políticas públicas. Relatório sobre resultados preliminares do projeto de medição de competências socioemocionais no Rio de Janeiro. São Paulo: OCDE, SEEDUC, Instituto Ayrton Senna, 2014. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/desenvolvimento-socioemocional-e-aprendizado-escolar.pdf. Acesso: 15 Out. 2022.

TUCKER, L.; MACCALLUM R. Exploratory Factor Analysis. 1993. Disponível em: https://labs.dgsom.ucla.edu/hays/files/view/docs/factor.pdf. Acesso: 20 Out. 2022.

UNESCO. The Dakar Framework for Action. World Education Fórum. Dakar: 2000. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001211/121147e.pdf. Acesso:

Out. 2022.

UNESCO. Education for ALL 2000-2015: ACHIEVEMENTS AND CHALLENGES. EFA Global Monitoring Report. 2015. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002322/232205e.pdf. Acesso: 17 Out. 2022.

WHITE, R. W. Motivation reconsidered: The concept of competence. Psychological Review, vol. 66, n. 5, pp. 297–333, 1959. DOI: https://doi.org/10.1037/h0040934. Acesso: 25 Out. 2022.

WOODWORTH, R. S. Dynamics of behavior. New York: Holt, 1958.

Downloads

Publicado

22.12.2022

Como Citar

MARINHO DUARTE, Patrick; FERREIRA DE ARAÚJO, Ulisses. As competências e habilidades socioemocionais: origens, conceitos, nomenclaturas e perspectivas teóricas. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 63, p. e23287, 2022. DOI: 10.5585/eccos.n63.23287. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/23287. Acesso em: 4 maio. 2025.
Visualizações
  • Resumo 2522
  • PDF 2109