Educação como experiência de "escravos fugidos" em jornais paraenses
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n70.26299Palavras-chave:
Experiência educativa, “Escravos fugidos”, Jornais paraensesResumo
O presente artigo tem o objetivo de identificar e analisar a educação como experiência de escravizados foragidos, considerando aqueles cuja fuga foi anunciada em jornais paraenses na segunda metade do século XIX, particularmente a Gazeta Oficial (1858-1860) e A Constituição (1876-1884). Nesses termos, a pesquisa se insere no campo da História da Educação, a partir da abordagem histórica, com a busca dos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, sendo realizada a análise dos anúncios referentes às experiências educativas nas fugas em ambos os jornais conservadores, por meio do Método Indiciário, de Ginzburg (1989). Para tanto, nos embasamos nas ideias de alguns autores, como: Gondra e Schueler (2008), Thompson (1981; 2001), Chalhoub (2012), Cunha (2000), Fonseca e Barros (2016), Bezerra Neto (2020) dentre outros. Concluímos que as experiências educativas de escravizados analisadas sinalizavam as habilidades de leitura, escrita e demais formas de letramento especializado, também foram observadas peculiaridades de experiência educativa por meio dos ofícios e habilidades aprendidos, ainda que no contexto da escravidão a que foram submetidos na Província do Grão-Pará, durante a segunda metade do século XIX. Além disso, houve atribuição de valor pecuniário à formação educacional do escravizado fugido, destacada nas chamadas para a captura, seguidas de significativas gratificações.
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