Literatura hardware, leitura software: as obras literárias como ferramentas pedagógicas no processo de aprendizagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/eccos.n70.26508

Palavras-chave:

educação, literatura, tecnologias

Resumo

Há, sem dúvidas, uma relevante interferência do desenvolvimento tecnológico nas relações sociais em geral, e nas relações escolares, em particular. Cientes, pois, da existência de uma informação rápida em circulação, nem sempre de qualidade, por que não investir na construção de redes educacionais e de conscientização? É a partir dessa proposição, portanto, que aproveitamos para levantar uma questão importante, mas, não raro escanteada: Neste admirável mundo novo, qual seria a relevância da literatura na formação cultural e intelectual dos jovens em atividade escolar? Nossa hipótese, portanto, é a de que, em sendo a literatura um bem cultural, cujo valor se revela inestimável para a sociedade, tenha ela, naturalmente, o poder de contribuir, sobremaneira, para um desenvolvimento dos alunos, não apenas estético, mas igualmente cognitivo. Tem-se na leitura, portanto, uma forma de integração. Nestes termos, a literatura revela-se, efetivamente, uma ferramenta útil e eficaz para todo e qualquer tipo de aprendizagem; um instrumento didático afável que, aliado a citada irremissível tecnologia, tem a capacidade de atingir, igualmente, a demanda de toda essa nova geração de alunos, de raciocínio não linear e multifocal. Sabe-se que há uma linha tênue entre o real e o fictício. Neste sentido, há de se ver conectados à literatura, não só todos os tipos de estudos sociais, mas toda forma de conhecimento e, pelos meios digitais, ver-se formado um mecanismo de integração entre educandos e sociedade. À guisa de conclusão, é possível chegarmos a um consenso de que os estudos literários não interessam apenas aos linguistas (Leahy-Dios, 2004). São, em verdade, de uma relevância tão fundamental para a educação quanto esta é para a causa do ensinar/aprender a pensar.

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Biografia do Autor

José Eustáquio Romão, Universidade Nove de Julho

Graduado em História, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 1970 e Doutor em Educação, pela Universidade de São Paulo (USP), em 1996. Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire do Brasil. Secretário Geral do Conselho Mundial dos Institutos Paulo Freire. Diretor e Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Doutorado e Mestrado), na Universidade Nove de Julho (Uninove), São Paulo. Coordenador do Grupo de Pesquisas Freirianas em Educação (GRUPEFREI). Professor Visitante nas Universidades: Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Ulht), de Portugal; Universidad de la República de Uruguai; Universidad del Cauca, Colômbia, e Universidade California de Los Angeles (UCLA), Estados Unidos. Coordenador e professor dos programas de mestrado em Educação, Letras e Psicologia, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (1999-2006).. Coordenador e pesquisador de projetos de redes internacionais de: 1. Educating the Global Citizen: Globalization, Educational Reform and the Politics of Equity and Inclusion; 2. Supporting International Networking and Cooperation in Educational Research (SINCERe); 3. Rede Ibero-americana de Investigação de Políticas Educativas I (Riaipe I) e 4. Rede Ibero-americana de Investigação em Políticas Educativas (Riaipe III), financiado pela Comissão Europeia. Coordenador do Projeto Editorial Educadores, da UNESCO e MEC (Brasil). Tem vasta experiência na gestão escolar: Secretário Municipal de Educação (1983-1988) e Secretário Municipal de Governo (1997-2000) de Juiz de Fora; Pró-Reitor de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (1994-1997); Coordenador Local das Licenciaturas em Tefé, Amazonas (1970 e 1980). Pesquisa o pensamento de Paulo Freire, Avaliação e Educação Municipal. É autor de vários livros, dentre os quais se destacam: Poder local e educação (1992), Avaliação dialógica (1998); Dialética da diferença (2000); Pedagogia dialógica (2002) e Sistemas Municipais de Educação: A Lei de Diretrizes e Bases e a Educação no Município (2010). É autor de cerca de mais de duas dezenas de capítulos de livros e mais de 50 artigos publicados em periódicos científicos nacionais e estrangeiros. São Paulo – SP – Brasil

Claudio Gomes de Araujo Junior , Universidade Nove de Julho

Doutorando em Educação na Universidade Nove de Julho (PPGE-UNINOVE). Mestre em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Especialista em Direito Público. Professor convidado em diversos cursos de capacitação de servidores. Assessor jurídico no Ministério Público Federal. Integrante do grupo de pesquisas em análise do discurso, história e ensino (GPADHE). São Paulo – SP – Brasil

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Publicado

09.09.2024

Como Citar

ROMÃO, José Eustáquio; ARAUJO JUNIOR , Claudio Gomes de. Literatura hardware, leitura software: as obras literárias como ferramentas pedagógicas no processo de aprendizagem. EccoS – Revista Científica, [S. l.], n. 70, p. e26508, 2024. DOI: 10.5585/eccos.n70.26508. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/26508. Acesso em: 27 set. 2024.