Reflexões sobre a educação para a resistência e emancipação à luz do pensamento de Theodor Adorno
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n71.27572Palavras-chave:
consciência verdadeira, emancipação, resistênciaResumo
O presente artigo considera a temática da educação no pensamento de Theodor W. Adorno (1903 – 1969), com intuito de explicitar a sua dupla função para formar o sujeito autônomo na sociedade capitalista. Para isso, tem-se, por um lado, a educação que prioriza a função de adaptação dos indivíduos aos mecanismos de controle da sociedade vigente e, por outro lado, o autor enaltece a dimensão de resistência da educação, potencializando a reflexão e a crítica dos indivíduos sobre a realidade socialmente constituída. No primeiro caso, considerado de suma importância, a educação representa o estágio de integrar o indivíduo ao coletivo social, enquanto, no segundo caso, não menos relevante, a resistência se configura como um movimento de enfrentamento daquilo que nulifica a subjetividade crítica dos indivíduos no seio da sociedade. No entanto, na sociedade capitalista, a educação, ao se vincular à racionalidade técnico-científica, tem como resultado a valorização do aspecto de adaptação em detrimento da dimensão de resistência. Com isso, há uma tendência de promoção do aperfeiçoamento técnico-profissional do indivíduo, como se fosse sinônimo de autonomia, no sentido kantiano de autogoverno. O esforço para agir sem a tutela de outrem é convertido em operacionalização de saberes para produzir mercadorias, satisfazendo, assim, aos interesses econômicos da referida sociedade.
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