Entre penalistas e neurocientistas: reflexões sobre a influência de estudos da neurociência sobre o conceito jurídico-penal de culpabilidade

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5585/rtj.v10i2.18147

Palabras clave:

direito penal, culpabilidade, neurociência

Resumen

O presente estudo aborda as influências da neurociência cognitiva no Direito Penal, mais precisamente no conceito de culpabilidade enquanto elemento do crime. A problemática reside no fato de que, enquanto a dogmática jurídico-penal pressupõe, para a caracterização da culpabilidade e, portanto, do crime, a existência de um sujeito livre, capaz de agir de forma que não a desviante, estudos neurocientíficos apontam o livre-arbítrio como mera ilusão. Diante disso, busca-se verificar em que medida as descobertas da neurociência acerca do livre-arbítrio exercem influência sobre a culpabilidade. Para tanto, aborda-se, de um lado, o entendimento de neurocientistas, que negam a existência do livre-arbítrio, e, de outro, o entendimento de penalistas, que rechaçam a ideia de um ser humano determinado por leis causais.

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Biografía del autor/a

João Pedro Gomes Dadda

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal pela UNISINOS

Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul

Osório/Rio Grande do Sul

André Olivier, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Doutor em Filosofia pela UNISINOS

Professor Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Direito e Coordenador do Curso de Graduação em Direito da UNISINOS

São Leopoldo/Rio Grande do Sul

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Publicado

2021-12-23

Cómo citar

DADDA, João Pedro Gomes; OLIVIER, André. Entre penalistas e neurocientistas: reflexões sobre a influência de estudos da neurociência sobre o conceito jurídico-penal de culpabilidade. Revista Thesis Juris, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 253–279, 2021. DOI: 10.5585/rtj.v10i2.18147. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/thesisjuris/article/view/18147. Acesso em: 22 dic. 2024.

Número

Sección

Artigos