Da assistência e da educação: um estudo sobre a historicidade das escolas municipais de educação infantil em um município gaúcho
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n60.18048Palavras-chave:
educação infantil, escola, historicidade, trabalho dos professores.Resumo
Objetivou-se analisar a transição que aconteceu das creches do setor assistencial para o setor educacional transformando-se em Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs). O presente estudo teve como base o discurso de vinte monitoras, oitenta professoras e três gestoras de um município do interior do estado do Rio Grande do Sul (RS). Os dados e as exposições são resultantes de questionários, entrevistas semiestruturadas e grupo de interlocução. Aplicou-se análise dialética nas categorias que sustentam os discursos das trabalhadoras de forma a compreender a relevância de suas falas e de seus escritos na elucidação da transição da creche assistencialista para escola, levando em conta a historicidade e a totalidade na qual estão inseridas essas instituições. Constatou-se que a EMEI e as políticas educacionais destinadas a esse nível educacional não estão garantindo a estrutura, a organização e os recursos financeiros que possam subsidiar uma educação pensada para e a partir da criança. O que tem sido recorrente é apenas o direito das famílias em ter onde deixar seus(suas) filhos(as) enquanto trabalham, sem ter asseguradas, necessariamente, as condições para a produção de um trabalho pedagógico voltado para a infância. Esse processo acaba por reforçar o caráter assistencial dessa instituição em detrimento do educacional.
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