Ser mulher para crianças: indicativos de um sistema representacional

Alanna Tuylla Dantas Figueiredo; Laêda Bezerra Machado

doi:10.5585/2025.26769

Autores

Alanna Tuylla Dantas Figueiredo Universidade Federal de Pernambuco https://orcid.org/0009-0006-5376-2211
Laêda Bezerra Machado Universidade Federal de Pernambuco https://orcid.org/0000-0002-9524-0319

DOI:

https://doi.org/10.5585/2025.26769

Palavras-chave:

mulher, representações sociais, criança, escola pública

Resumo

Neste artigo temos como objetivo identificar as representações sociais do ser mulher construídas por crianças matriculadas em escolas públicas do Recife-PE. Representações sociais são entendidas como formas compartilhadas, dinâmicas e funcionais de explicar o mundo. Desenvolvemos uma pesquisa qualitativa delineada como estudo de campo, da qual participaram 20 crianças matriculadas no quarto e no quinto anos do ensino fundamental. Para coleta de dados, utilizamos a prática do desenho e a entrevista semiestruturada, analisados com suporte da técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados revelaram representações sociais do ser mulher numa tríade de elementos mãe/trabalhadora/guerreira. Na maior parte das justificativas para a elaboração dos desenhos, as crianças representam o ser mulher tomando como referência a própria mãe, em seu contexto de vida e trabalho. Em face dos resultados, indicamos o ser mulher, para crianças, como um campo simbólico para o qual convergem vários elementos que formam um sistema de representações. A pesquisa aqui relatada ratificou o conceito de sistema representacional como representações intricadas. Os achados evidenciam a necessidade de maiores discussões sobre temáticas pouco abordadas no âmbito escolar a fim de que os professores possam problematizá-las e contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva no que se refere a diferentes questões relacionadas à diversidade social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alanna Tuylla Dantas Figueiredo, Universidade Federal de Pernambuco

Doutoranda em Educação na linha de Subjetividades Coletivas, Movimentos Sociais e Educação Popular (desde 2024). Discente do curso de Especialização em Gênero, Desenvolvimento e Políticas Públicas: Práticas Educacionais – Fundação Joaquim Nabuco. Professora substituta da Universidade Federal de Pernambuco. Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) – Universidade Federal de Pernambuco (2022). Formada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista-pesquisadora do Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pernambuco (2016-2019).

Laêda Bezerra Machado, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Educação, Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Docente do Programa de Pós-graduação em Educação (UFPE). Linha de pesquisa: Formação de Professores e Prática Pedagógica. Coordenadora do grupo de Pesquisa: Educação e Representações Sociais

Referências

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Portugal. Edições 70, 2004.

BONA, Viviane; ESPÍNDOLA, Elisangela; MAIA, Lícia de Souza Leão. As representações sociais de autonomia e autonomia docente e suas relações de encaixe. Revista Educação e Cultura Contemporânea, v. 14, n. 37, p. 161-183, out./dez. 2017. https://doi.org/10.5935/2238-1279.20170045.

BRANDÃO, Caio Teixeira; BENEVIDES, Andrea Silva; CAMPOS, Pedro Humberto Faria. Sistemas de representações sociais: contribuições para a pesquisa em educação. Revista Teias, v. 21, ago. 2020, Edição Especial, p. 1-16. https://doi.org/10.12957/teias.2020.45106.

CAMPOS, Pedro Humberto Faria. Rapports entre pratiques etreprésentations: apports théoriques et empiriquespourunmodèle d’étude. Psychologie&Société, v. 3, n. 6, p. 135-166, 2003.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa. Relações entre família e escola e suas implicações de gênero. Cadernos de Pesquisa, n. 110, p. 143-155, julho/2000. https://doi.org/10.1590/S0100-15742000000200006.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa. Modos de educação, gênero e relações escola-família. Cadernos de Pesquisa, v. 34; n. 121, p. 41-58, jan./abr. 2004. https://doi.org/10.1590/S0100-15742004000100003.

CAVENAGHI, Suzana; ALVES, José Eustáquio Diniz; Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios. Estudos sobre seguros. Edição 32, março, 2018.

FARIAS, Francisca Lucélia Ribeiro; FUREGATO, Antonia Regina Ferreira. O dito e o não dito pelos usuários de drogas, obtidos mediante as vivências e da técnica projetiva. Rev Latino-am Enfermagem, v. 13, n. 5, p. 700-707, 2005. https://doi.org/10.1590/S0104-11692005000500014.

FÉLIX, Ligia Botelho; SANTOS, Maria de Fatima Souza; “O cuidado é dobrado”: maternar no contexto da atenção psicossocial. Rev.Nufen:Phenom.Interd. Belém, n. 12, v. 3, p. 154-175, set./dez.,2020. https://doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº03artigo79.

FÉLIX, Ligia Botelho et. al. O conceito de Sistemas de Representações Sociais na produção nacional e internacional: uma pesquisa bibliográfica. Psicologia e Saber Social, v. 5, n. 2, p. 198-217, 2016. https://doi.org/10.12957/psi.saber.soc.2016.20417.

GILLY, Michael. As representações Sociais no campo da educação. In: JODELET, Denise. (Org.) As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001.

JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In: D. JODELET (org.), As Representações Sociais. Rio de Janeiro, EDUERJ, 2001, p. 17-44.

LOURO, Guacira. Gênero, Sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Rio de Janeiro. 6ª ed. Editora Vozes, 1997.

MINAYO, Maria Cecilia. Análise de conteúdo. In: O desafio do conhecimento. São Paulo: 2006, p. 319-327.

MIRANDA, Marilia. Empoderamento Infantil de meninas: Fortalecendo as garotas desde cedo; 2015. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/empoderamento-infantil-de-meninas-fortalecendo-as-garotas-desde-cedo/ > Acesso em: 12 de dezembro de 2021.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

PERUCCHI, Juliana; BEIRÃO, Aline Maiochi. Novos arranjos familiares: Paternidade, parentalidade e relações de gênero sob o olhar de mulheres chefes de família. Psicologia Clínica, v. 19, n. 2, 2007, p. 57–69. https://doi.org/10.1590/S0103-56652007000200005.

PINTO, Rosa Maria Ferreiro et. al. Condição feminina de mulheres chefes de família em situação de vulnerabilidade social. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 105, p. 167-179, jan./mar. 2011. https://doi.org/10.1590/S0101-66282011000100010.

ROSA, Danilo Fagundes, et. al Assistência de Enfermagem à população trans: gêneros na perspectiva da prática profissional. Revista Brasileira de Enfermagem, 72, 299-306. (2019). https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0644.

RIBEIRO, Fernanda Siqueira; CRUZ, Fatima Maria Leite. Representações sociais de família por crianças na cidade de Recife. Psicologia & Sociedade, v. 25; n. 3, 2013, p. 612-622. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300015.

SARTI, Cíntya. A Família e individualidade um problema moderno. In: CARVALHO. M.C.B. (Org.) A família contemporânea em debate. São Paulo: Cortez, 2003, p. 39-49.

SARDENBERG, Celia Maria Brito; Conceituando “Empoderamento” na Perspectiva Feminista. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL: Trilhas do Empoderamento de Mulheres, 2006, Bahia. I Semiário... Bahia, 2006. Disponível em: < https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6848/1/Conceituando%20Empoderamento%20na%20Perspectiva%20Feminista.pdf>. Acesso em: 13 de dezembro de 2021.

SILVA, Priscila Oliveira Martins; TRINDADE, Zeide Araujo; JÚNIOR SILVA, Annor. S. As representações sociais de conjugalidade entre casais recasados. Estudos de Psicologia, v. 17, n. 3 set./dez. 2012, p. 435-443. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300012.

SÁ, Celso Pereira. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK, Mary Jane. (Org.) O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectiva da psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1993, pp; 19-45.

SENKEVICS, Adriano Souza; CARVALHO, Marilia Pinto. Casa, rua, escola: gênero e escolarização em setores populares. Cadernos de Pesquisa, v.45, n.158,p. 944-968, out./dez, 2015. https://doi.org/10.1590/198053143364.

SORJ, Bila. Arenas de cuidado nas interseções entre gênero e classe social no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 43; p. 1-14, 2013. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000200006.