Greves docentes no Brasil (2003-2022): um subsídio para uma discussão teórico-metodológica
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n70.27180Palavras-chave:
greves, metodologia das ciências sociais, sindicalismo docenteResumo
Entre 2003 e 2022, os professores das redes estaduais e municipais brasileiras realizaram mais de 2.500 greves. Houve um acentuado aumento no número de greves desta categoria a partir de 2011, aumento protagonizado principalmente pelos professores de redes de ensino dos municípios pequenos e médios, especialmente no Nordeste. Os dados também evidenciam significativas disparidades entre as redes de ensino em relação à frequência e duração das greves. A análise dos dados consolidados sobre greves de professores no Brasil, combinada com estudos acadêmicos e informações adicionais sobre o sindicalismo docente a Argentina, Brasil, México e Estados Unidos, permite tecer algumas considerações sobre as causas e características dos movimentos grevistas. Estes não podem ser satisfatoriamente explicados desde um modelo baseado no contexto econômico e nas condições de negociação política do sindicalismo, que teria validade em diferentes contextos históricos, como têm proposto alguns pesquisadores. Diferentemente, o estudo das greves exige levar em conta mais elementos explicativos, complexificar as relações entre estes elementos e as próprias greves e, fundamentalmente, considerar que o processo histórico particular determina como os diferentes contextos político-econômicos e os processos sociais mais amplos se combinam de forma particular para determinar a realização (e também a não realização) das greves.
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