Produções curriculares e educação infantil – apostas ou garantias?
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n59.13657Palavras-chave:
BNCC, direito à aprendizagem, discurso, educação infantile, políticas curricularesResumo
O artigo tematiza a relação entre currículo e Educação Infantil, a partir da retomada de políticas curriculares desenvolvidas nas últimas décadas, problematizando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para Educação Infantil, promulgada em 2017 e que, tal como versa o documento, insere a Educação Infantil no contexto da Educação Básica e sendo assim, como se propõe para as outras etapas, ainda que atentando para as suas especificidades, também traz a indicação de aprendizagens consideradas essenciais, numa lógica que reduz educação ao ensino. Tomamos como mote de problematização a questão do direito à aprendizagem e desenvolvimento, questão que é apresentada como justificativa mesmo da BNCC, inquirindo sobre as articulações discursivas que vão alinhando direito à aprendizagem à igualdade e que, como discutimos, desliza para um entendimento do comum como único, num caráter homogeneizante que impele ao silenciamento da diferença. Desenvolvemos a argumentação a partir de aportes pós-estruturais que se assentam na compreensão da política como produção discursiva, luta pela significação em jogos de linguagem sempre instáveis e inconclusos, em que os fechamentos são provisórios pois o trabalho da significação é fluxo ininterrupto. Discutimos a concepção de currículo que norteia as pesquisas que temos desenvolvido, tomando-o como uma enunciação cultural, que se constitui em meio a negociações com e na diferença. Assim, pomos em debate os sentidos postos quanto ao direito à aprendizagem e a definição prévia das experiências, advogando em favor de outros sentidos, na defesa da experiência como acontecimento alteritário.
Downloads
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CURRÍCULO. Documento produzido pela Associação Brasileira de Currículo (ABdC) encaminhado ao CNE no contexto das Audiências públicas sobre a BNCC. 2017. Disponível em: https://www.abdcurriculo.com.br/documentos. Acesso em mar/2019.
ABRAMOWICZ, Anete; TEBET, Gabriela Guarnieri de Campos. Educação Infantil: um balanço a partir do campo das diferenças. Proposições, v.28, supl 1, 2017, p.182-203.
ABRAMOWICZ, Anete; CRUZ, Ana Cristina J; MORUZZI, Andrea B. Alguns apontamentos: a quem interessa a base nacional comum curricular para a educação infantil? Debates em Educação, Maceió, Vol. 8, nº 16, Jul./Dez. 2016, p.46-65.
BIESTA, Gert. Para Além da Aprendizagem: Educação Democrática para o futuro humano. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF: Senado, 1988.
BRASIL. Lei nº 11.274/06. Altera a redação dos Arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Diário Oficial da União, Brasília, 07 fev. 2006. p.1.
BRASIL. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 9 dez. 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Terceira versão. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf. Acesso em: 20 de abril de 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF.
BRASIL. Plano Nacional de Educação. 2001. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf.
CAMÕES, Maria Clara de Lima Santiago. O currículo como um projeto de infância: afinal o que as crianças têm a dizer? Tese (doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2019.
DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. 2ª Edição.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DERRIDA, Jacques. Uma certa possibilidade impossível de dizer o acontecimento. 2012. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/8242/6240 Acesso em 02.mar.2017.
DIDONET, Vital. Entrevista realizada em 26/11/09. Disponível em: http://www.campanhaeducacao.org.br/?pg=Entrevistas. Acesso em: 03/12/18.
DRUMMOND, Rosalva de Cássia Rita. Do Direito à Educação aos Direitos de Aprendizagem: a escola sub judice. Tese - Doutorado em Educação doo Programa de Pós-Graduação da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2019.
FRANGELLA, Rita de Cássia. Por entre passagens: escola e currículo ou escolas e currículos? IN: FRANGELLA, Rita de Cássia (org.) Políticas curriculares, coordenação pedagógica e escola: desvios, passagens e negociações. Curitiba: Editora CRV, 2016.
LOPES, Alice. Apostando na produção contextual do currículo. In: AGUIAR, M.A. da S. e DOURADO, L. F. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018.
LOPES, Alice; CUNHA, Erika Virgílio Rodrigues da. Base Nacional Comum Curricular no Brasil: Regularidade na Dispersão. Investigación Cualitativa, 2(2), 23-35, 2017, p.23-35.
MCCOWAN, Tristan. O direito universal à educação: silêncios, riscos e possibilidades. Práxis Educativa, v.6, n1, 2011, p. 9-20.
MACEDO, Elizabeth. “A base é a base”. E o currículo é o que? In: AGUIAR, M.A. da S. e DOURADO, L. F. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018.
MACEDO, Elizabeth. Base Nacional Curricular Comum. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 03, out./dez. 2014, p. 1530-1555.
MACEDO, Elizabeth. Relações macro/micro na pesquisa em currículo. Cadernos de Pesquisa. Campinas, v.36, n.129, set./dez. 2006, p. 619-635.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2021 EccoS – Revista Científica
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0.