A transcriação do mundo pela experiência: esboço para uma educação estética
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n53.16676Palavras-chave:
Educação de sensibilidade, Estética, Hermenêutica, Perspectivismo, Transcriação.Resumo
O objetivo deste artigo é investigar as artes como processo de transcriação pelo qual artista e apreciador tornam-se coautores dos sentidos que emanam da experiência estética. A hipótese em questão é a de que as obras de arte operam uma mediação estética entre o humano e o mundo, pela qual o mundo passa a ser sentido, compreendido e expresso. Esse processo requer uma educação de sensibilidade que não seja a imposição de determinadas obras canônicas ou modos preestabelecidos de fruição dessas obras, mas exercício de sensibilidade e compreensão das múltiplas possibilidades dos modos de viver. Nessa perspectiva, a própria vida torna-se obra de arte. A inclinação teórico-metodológica que inspira este artigo provém do perspectivismo nietzschiano (NIETZSCHE, 1998; LAROSSA, 2009) e da hermenêutica simbólica (RICOEUR, 1969; DURAND, 1997). Os resultados da pesquisa apontam para a urgência de uma educação de sensibilidade que considere a importância das experiências estéticas no âmbito da formação, com o objetivo de se chegar a ser o que se é.
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