Anticonsumo no Brasil: Investigando a Percepção dos Anticonsumidores de Carne Vermelha
DOI:
https://doi.org/10.5585/remark.v12i3.2335Palavras-chave:
Marketing, Consumo, Anticonsumo.Resumo
A sociedade contemporânea foi chamada de Sociedade do Consumo ou Sociedade dos Consumidores (Baudrillard, 1995; Bauman, 2008; Rochefort, 1995). Uma das premissas dessa cultura do consumo é o acúmulo de bens materiais como fonte de realização e felicidade. Vários estudos apontam, porém, que, uma vez atendidas as necessidades essenciais, o sentimento de ser feliz não cresce com a elevação dos níveis de consumo (Bauman, 2008; Shankar et al, 2006). Uma das reações à insatisfação com as promessas não alcançadas da cultura do consumo é a resistência ao consumo. O objetivo deste trabalho é contribuir para os estudos sobre anticonsumo, buscando aprofundar o conhecimento sobre um grupo resistente a um determinado tipo de consumo: o de carne vermelha. Realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa baseada em entrevistas em profundidade com pessoas que não consomem carne vermelha. Os resultados permitiram identificar dois subgrupos de anticonsumidores. O primeiro obedece a motivações pessoais, como rejeição ao sabor da carne ou preservação da saúde. São pessoas que simplesmente não consomem por uma questão de escolha individual ou necessidade médica. Já as pessoas que pertencem ao segundo grupo obedecem a motivações variadas, que compreendem desde questões de saúde até aspectos filosóficos e religiosos, bem como preocupações sociais e ambientais. Várias relataram adotar outras práticas de restrição de consumo voltadas para o respeito ao planeta e aos animais. Esse resultado sugere que há um parentesco entre a resistência ao consumo de carne e o anticonsumo voltado para a preservação do planeta.
DOI: 10.5585/remark.v12i3.2335