O alimento para viagem é sustentável? Implicações ambientais e socioculturais do consumo de alimentos para viagem no Brasil e na Alemanha

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/remark.v21i4.19706

Palavras-chave:

Alimentação para Viagem, Consumo Sustentável, Alimentação Fora de Casa, Estudo Comparativo, Consumo Sustentável de Alimentos

Resumo

Objetivo: Comparar as principais implicações ambientais e socioculturais da alimentação para viagem no Brasil e na Alemanha.

Método: Os dados foram coletados por meio de 19 entrevistas narrativas com funcionários e donos de estabelecimentos que comercializam alimentos para viagem, 41 entrevistas em profundidade com consumidores e 7 meses de observações em locais de compra e consumo de refeições dos dois países. Os dados obtidos foram analisados segundo a espiral de análise de dados.

Originalidade/Relevância: As categorias relativas às implicações ambientais e socioculturais da alimentação para viagem identificadas nessa pesquisa são inéditas e podem ser utilizadas em estudos futuros sobre a alimentação para viagem.

Resultados: Os resultados indicam que há implicações positivas e negativas da alimentação para viagem tanto nos aspectos ambientais quanto nos socioculturais. As implicações negativas resultam do consumo de menus não-saudáveis e comoditizados que são descartados de forma inadequada, além do uso excessivo de embalagens descartáveis. É possível amenizar essas implicações por meio do consumo de menus saudáveis, preparados em estabelecimentos que valorizam a culinária local e adotam práticas ambientalmente responsáveis.

Contribuições teóricas: Diferente de estudos anteriores que definiram como unidade de análise a sustentabilidade do consumo doméstico de alimentos ou a alimentação fora de casa, este estudo ampliou o debate sobre impactos ambientais e socioculturais que decorrem do consumo de refeições preparadas em lanchonetes e restaurantes, mas que são consumidas em outros espaços. Essa contribuição é particularmente relevante para as áreas de estudo em Consumo Sustentável e Food Studies.

Contribuições sociais/gerenciais: Os resultados fornecem subsídios a empresários e gestores públicos, indicando que o desperdício de embalagens, objetos descartáveis e de outros itens adicionais pode ser reduzido com a identificação do local de consumo das refeições. Recomenda-se o desenvolvimento de campanhas com gestores de restaurantes e lanchonetes para a redução de açúcares, sal e gordura nas receitas dos estabelecimentos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Felipe da Costa Coelho, Universidade Federal do Ceará - UFC

Doutor em Administração e Controladoria

 

Áurio Lúcio Leocádio, Universidade Federal do Ceará - UFC

Doutor em Administração

 

Referências

Alalwan, A. A. (2020). Mobile food ordering apps: An empirical study of the factors affecting customer e-satisfaction and continued intention to reuse. International Journal of Information Management, 50, 28-44. https://doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2019.04.008

Angrosino, M. (2009). Etnografia e observação participante. In: Flick, U. (Org.) Coleção pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed.

Azzurra, A., Massimiliano, A., & Angela, M. (2019). Measuring sustainable food consumption: A case study on organic food. Sustainable Production and Consumption, 17, 95-107. https://doi.org/10.1016/j.spc.2018.09.007

Barone, B. et al. (2019). Sustainable diet from the urban Brazilian consumer perspective. Food Research International, 124, 206-212. https://doi.org/10.1016/j.foodres.2018.05.027

BBC News Brasil. (2020). Como apps de entrega estão levando pequenos restaurantes à falência. Época Negócios, Rio de Janeiro, 08 fev. 2020. Recuperado em: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2020/02/como-apps-de-entrega-estao-levando-pequenos-restaurantes-falencia.html. Acesso em 02 out. 2021.

Bezerra, I. N. et al. (2017). Consumo de alimentos fora do lar no Brasil segundo locais de aquisição. Revista de Saúde Pública, 51. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006750

Braga, C. S. S. et al. (2018). Contribuições e Limites da Utilização de Softwares de apoio à Análise de Conteúdo. Investigação Qualitativa em Ciências Sociais, 3, 124-133.

Botelho, L., Cardoso, L., Canella, D. (2020). COVID-19 e ambiente alimentar digital no Brasil: reflexões sobre a influência da pandemia no uso de aplicativos de delivery de comida. Cadernos de Saúde Pública, 36, 11. https://doi.org/10.1590/0102-311X00148020

Burgoine, T. et al. (2014). Associations between exposure to takeaway food outlets, takeaway food consumption, and body weight in Cambridgeshire, UK: population based, cross sectional study. BMJ, 1-10. https://doi.org/10.1136/bmj.g1464

Creswell, J. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed.

Danesi, G. (2017). A cross-cultural approach to eating together: Practices of commensality among French, German and Spanish young adults. Social Science Information, 57(1), 99-120. https://doi.org/10.1177/0539018417744680

Díaz-Méndez, C. et al. (2013). Hábitos alimentarios de los españoles. Ministério de Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente, Madri, Espanha.

FAO [Food and Agriculture Organization of the United Nations]. (2019). Sustainable healthy diets – Guiding principles. Roma. Recuperado de: http://www.fao.org/3/ca6640en/ca6640en.pdf. Acesso em: 02 set. 2020.

Gallego-Schmid, A., Mendoza, J. M., & Azapagic, A. (2019). Environmental impacts of takeaway food containers. Journal of Cleaner Production, 211, 417–427. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.11.220

Gaskell, G. Entrevistas individuais e grupais. (2002). In: Gaskell, G., & Bauer, M. W. (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes.

Gose, M. et al. (2016). Trends in food consumption and nutrient intake in Germany between 2006 and 2012: results of the German National Nutrition Monitoring (NEMONIT). British Journal of Nutrition, 115, 1498–1507. https://doi.org/10.1017/S0007114516000544

Grunseit, A. et al. (2019). “Doing a good thing for myself”: a qualitative study of young adults’ strategies for reducing takeaway food consumption. BMC Public Health, 525(19). https://doi.org/10.1186/s12889-019-6731-3

GTAI. Germany Trade and Invest. (2018). Industry overview: The food & beverage industry in Germany issue 2019/2020. GTAI, 2018. Recuperado em: https://www.gtai.de/resource/blob/64004/e80f4dd7ccd691158b0ee2bc10f8cd6c/industry-overview-food-beverage-industry-en-data.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021.

Gustavsson, J. et al. (2011). Global Food Losses and Food Waste. Rome: FAO.

Heinzelmann, U. (2008). Food culture in Germany. Greenwood Press: London.

Hillier-Brown, F.C. et al. (2017). A description of interventions promoting healthier ready-to-eat meals (to eat in, to take away, or to be delivered) sold by specific food outlets in England: a systematic mapping and evidence synthesis. BMC Public Health, 17, 1-17. https://doi.org/10.1186/s12889-016-3980-2

IBGE. (2020). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017–2018: Primeiros Resultados. IBGE: Rio de Janeiro.

Janssen, H.G., Davies, I.G., Richardson, L.D., & Stevenson, L. (2017). Determinants of takeaway and fast food consumption: a narrative review. Nutrition Research Reviews, 1-19.https://doi.org/10.1017/S0954422417000178

Jovchelovich, S., & Bauer M. (2002). Entrevista Narrativa. In: Bauer, M.W., & Gaskell G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes.

Keeble, M. et al. (2020). Planning and Public Health professionals’ experiences of using the planning system to regulate hot food takeaway outlets in England: A qualitative study. Health and Place, 1-9. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2020.102305

Koch, F., Heuer, T., Krems, C., & Claupein, E. (2019). Meat consumers and non-meat consumers in Germany: a characterisation based on results of the German National Nutrition Survey II. Journal of Nutritional Science, 8(21). https://doi.org/10.1017/jns.2019.17

Maimaiti, M. et al. (2018). How we eat determines what we become: opportunities and challenges brought by food delivery industry in a changing world in China. European Journal of Clinical Nutrition, 72, 1282–1286. https://doi.org/10.1038/s41430-018-0191-1

Martinelli, S. S. & Cavalli, S. B. (2019). Alimentação saudável e sustentável: uma revisão narrativa sobre desafios e perspectivas. Ciências & Saúde Coletiva, 4(11), 4251-4262. https://doi.org/10.1590/1413-812320182411.30572017

Merriam, S. B. (2009). Qualitative research: a guide to design and implementation. New York: Jossey-Bass.

Miura, K., Giskes, K., & Turrell, G. (2011). Socio-economic differences in takeaway food consumption among adults. Public Health Nutrition, 15, 218-226. https://doi.org/10.1017/S136898001100139X

Miura, K., & Turrel, G. (2014). Contribution of Psychosocial Factors to the Association between Socioeconomic Position and Takeaway Food Consumption. Plos One, 9(9). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0108799

Morone, P., Falcone, P., & Lopolito, A. (2019). How to promote a new and sustainable food consumption model: A fuzzy cognitive map study. Journal of Cleaner Production, 208, 563-574.

Nordin, N., & Selke, S. (2010). Social Aspect of Sustainable Packaging. Packaging Technology and Science, 23, 317-326. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.10.075

Pfeiler, T., & Egloff, B. (2018). Examining the “Veggie” personality: results from a representative German sample. Appetite, 120, 246-255. https://doi.org/10.1016/j.appet.2017.09.005

Polsky, J.Y. et al. (2016). Absolute and relative densities of fast-food versus other restaurants in relation to weight status: does restaurant mix matter? Preventive Medicine, 82, 28-34. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2015.11.008

Potting, J., & Harst, E. (2015). Facility arrangements and the environmental performance of disposable and reusable cups. International Journal of Life Cycle Assessment, 20(11), 1143-1154. https://doi.org/10.1007/s11367-015-0914-7

PWC – PricewaterhouseCoopers. (2013). Obesity Australia: Action Agenda. PricewaterhouseCoopers.

Rahmani, E. et al. (2013). On the mechanical properties of concrete containing waste PET particles. Construction & Building Materials, 47, 1302-1308. https://doi.org/10.1016/j.conbuildmat.2013.06.041

Reisch, L., Eberle, U., & Lorek, S. (2013). Sustainable food consumption: an overview of contemporary issues and policies. Sustainability: Science, Practice, & Policy, 9(2), 7-27.https://doi.org/10.1080/15487733.2013.11908111

Ribeiro, H., Jaime, P. C., Ventura, D. (2017). Alimentação e sustentabilidade. Estudos Avançados, 31.

Rigamonti, L., Biganzoli, L., & Grosso, M. (2018). Packaging re-use: a starting point for its quantification. Journal of Material Cycles and Waste Management, Special Edition. https://doi.org/10.1007/s10163-018-0747-0

Schäfer, M. et al. (2020). Imitation, adaptation, or local emergency? A cross-country comparison of social innovations for sustainable consumption in Brazil, Germany, and Iran. Journal of Cleaner Production, 284. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.124740

Schubert, M. N. (2017). Comer Fora de Casa, as Práticas e as Rotinas Alimentares nos Contextos da Modernidade: uma leitura comparada entre Brasil, Reino Unido e Espanha. 2017. Tese (Doutorado em Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

SEBRAE. (2020). Mercado de marmitas cresceu mais de 130% nos últimos cinco anos. Agência Sebrae de Notícias, Brasília.

Sigurdsson, V. et al. (2020). Assisting sustainable food consumption: The effects of quality signals stemming from consumers and stores in online and physical grocery retailing. Journal of Business Research, 112, 458-471. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.11.029

Smith, K. J. et al. (2012). Takeaway food consumption and cardio-metabolic risk factors in young adults. European Journal of Clinical Nutrition, 66, 577-584. https://doi.org/10.1038/ejcn.2011.202

Takeaway Secrets Exposed. (2019). Direção de Ceri Isfryn. Londres: BBC Panorama, 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6eWZx53teIo. Acesso em 15 mar. 2020.

Thøgersen, J. (2017). Sustainable food consumption in the nexus between national context and private lifestyle: A multi-level study. Food Quality and Preference, 55, 16-25.

https://doi.org/10.1016/j.foodqual.2016.08.006

Turbutt, C., Richardson, J., Pettinger, C. (2018). The impact of hot food takeaways near schools in the UK on childhood obesity: a systematic review of the evidence. Journal of Public Health, 1-9. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdy048

Verain, M. C., Dagevos, H., & Antonides, G. (2015). Sustainable food consumption. Product choice or curtailment? Appetite, 91, 375-384. https://doi.org/10.1016/j.appet.2015.04.055

Vermeiren, L. et al. (1999). Developments in the active packaging of foods. Trends in Food Science & Technology, 10(3), 77-86. https://doi.org/10.1016/S0924-2244(99)00032-1

Wakefield, A., & Axon, S. (2020). “I’m a bit of a waster”: Identifying the enablers of, and barriers to, sustainable food waste practices. Journal of Cleaner Production, 275. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.122803

Warde, A. (2016). The practice of eating. Cambridge: Polity.

WRAP - Waste and Resources Action Programme. (2015). Strategies to Achieve Economic and Environmental Gains by Reducing Food Waste. Banbury-UK: WRAP.

Zhang, Y., Wen, Z. (2022). Mapping the environmental impacts and policy effectiveness of takeaway food industry in China. Science of The Total Environment, 808, 20. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2021.152023

Downloads

Publicado

20.09.2022

Como Citar

Coelho, P. F. da C., & Leocádio, Áurio L. (2022). O alimento para viagem é sustentável? Implicações ambientais e socioculturais do consumo de alimentos para viagem no Brasil e na Alemanha. ReMark - Revista Brasileira De Marketing, 21(4), 1185–1243. https://doi.org/10.5585/remark.v21i4.19706

Edição

Seção

Artigos