Inteligência artificial, pós-humanismo e Educação: entre o simulacro e a assemblagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/44.2023.23906

Palavras-chave:

inteligêmcia artificial, pós-humanismo, cognição distribuída, consciência, ChatGPT

Resumo

Argumenta-se contra a personalização de agentes de inteligência artificial (IA) generativas baseadas em modelos de linguagem natural tais como ChatGPT e Bard. Propõe-se que projetar “humanidade” nesse tipo de artefato é uma forma de apego antropocêntrico improdutivo educacionalmente; sugere-se, como alternativa, o modelo da assemblagem cognitiva (novo inconsciente) de Katherine Hayles, no qual cognições técnicas (não-conscientes) produzem modos de atenção-reconhecimento que têm agencia moral e política, mas não se confundem com consciências humanas. Explica-se a projeção de uma teoria da mente no artefato a partir do arcabouço da pós-fenomomenlogia e adverte-se que nem demonizar a inteligência artificial, nem tratar esses simulacros como inteligências de facto, “empodera” o humano, mas apenas reencena versões progressivamente mais reducionistas do humano idealizado do humanismo. Urge que se utilieze de forma mais transparente as articulações entre consciência e modos não-humanos de atenção-reconhecimento para que tanto estudantes IAs não se tornem cada vez menos “inteligentes”.

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Biografia do Autor

Marcelo El Khouri Buzato, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Livre-Docente/ Doutor

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Publicado

25.04.2023

Como Citar

BUZATO, Marcelo El Khouri. Inteligência artificial, pós-humanismo e Educação: entre o simulacro e a assemblagem. Dialogia, [S. l.], n. 44, p. e23906, 2023. DOI: 10.5585/44.2023.23906. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/23906. Acesso em: 19 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê n. 44: Educação híbrida – desafios e vitórias