Travestilidades no espaço socioeducativo: (des)patologização, monstruosidade, violência, abjeção e negação das identidades transgêneras
DOI:
https://doi.org/10.5585/dialogia.N32.13641Palavras-chave:
Identidades trans, Travesti, Gênero, Socioeducação, Privação de liberdadeResumo
Este ensaio pretende tecer uma reflexão sobre as identidades trans no espaço socioeducativo. Tendo como base uma pesquisa empírica, realizada em uma unidade masculina de privação de liberdade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE/RJ), e tendo como aporte teórico autores/as dos Estudos Culturais/pós-estruturalistas, busca-se compreender de que maneira pessoas travestis ou transexuais circulam em espaços cuja homo/transfobia é difundida ao grau máximo. Assim, a partir da metáfora do corpo monstro/abjeto, analisamos como a socioeducação opera no sentido de não desbaratar os engessamentos de gênero e os estereótipos de masculinidade vigentes entre os adolescentes acautelados. Como resultado deste trabalho, sinaliza-se que práticas discursivas referendadas pela cisheteronormatividade determinam ao sujeito uma única forma de construção da masculinidade, que são explícita e implicitamente impostas. A presença (ou pressuposição) de sujeitos não-cisheterossexuais em instituições de privação de liberdade impulsiona subjetividades normativas reproduzidas por práticas de intolerância, medo e violências.
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