Batuque é um privilégio, ninguém aprende samba no colégio: epifanias autoetnográficas da invisibilização do corpo negro e da negritude na BNCC da Educação Física

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/49.2024.26839

Palavras-chave:

Educação Física escolar; base nacional comum curricular; autoetnografia crítica; corpo negro; negritude.

Resumo

O objetivo desse estudo é compreender como se dá a invisibilidade do corpo negro e da negritude na BNCC da Educação Física do ensino fundamental e como as epifanias geradas ao longo da pesquisa autoetnográfica, auxiliam nessa compreensão. Uma autoetnografia crítica foi realizada em uma escola da rede municipal de Porto Alegre no ano letivo de 2022, com início em fevereiro e término no mês de dezembro. As participantes observações ocorreram nas turmas em que um dos professores esse estudo é docente (educação infantil e ensino fundamental - anos iniciais e finais), com uma carga horária semanal de quarenta horas. Notas (em diário de campo e áudio), diálogos e análise de documentos também foram utilizados na produção das informações. As reflexões produzidas mostraram o apagamento dos saberes e subjetividades produzidos pelo corpo negro no referido currículo nacional, enfatizando seu caráter neocolonial e sua ênfase na educação de mercado.

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Biografias Autor

Márcio Cardoso Coelho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Doutor em Ciências do Movimento Humano

Daniel Teixeira Maldonado, Instituto Federal de São Paulo – IFSP

Doutor em Educação Física

Fabiano Bossle, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Doutor em Ciências do Movimento Humano

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Publicado

2024-08-26

Como Citar

COELHO, Márcio Cardoso; MALDONADO, Daniel Teixeira; BOSSLE, Fabiano. Batuque é um privilégio, ninguém aprende samba no colégio: epifanias autoetnográficas da invisibilização do corpo negro e da negritude na BNCC da Educação Física. Dialogia, [S. l.], n. 49, p. e26839, 2024. DOI: 10.5585/49.2024.26839. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/26839. Acesso em: 1 set. 2024.

Edição

Secção

Dossiê n. 49 “Formas de dizer de si e do mundo: autobiografias e autoetnografias de educadores"