Narrativas e tessituras adolescentes: metodologia e desafios de uma pesquisa(dora)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/dialogia.n34.16706

Palavras-chave:

Entrevista narrativa, Pesquisa qualitativa, Adolescentes, Medidas socioeducativas

Resumo

O presente artigo discute as possibilidades da entrevista narrativa como recurso teórico-metodológico na pesquisa qualitativa em que a autora posiciona suas leituras acerca das representações construídas por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Relata-se o percurso investigativo e os exercícios contínuos que intencionaram traduzir com inteligibilidade o que as adolescentes pesquisadas trouxeram nas suas narrativas. A utilização das entrevistas narrativas orientou-se pela necessidade de compreender como as adolescentes (re)significavam o cumprimento da medida socioeducativa. Focalizando as experiências singulares de cada adolescente, observou-se que as narrativas provocam mudanças nas formas como os sujeitos compreendem a si próprios, aos outros e, por este motivo, são importantes estratégias causadoras de reflexão numa perspectiva emancipatória e de protagonismo juvenil. Conclui-se que essa metodologia possibilitou a aproximação entre a pesquisadora e as adolescentes, evidenciando a dimensão subjetiva no processo narrativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Rebeca Lloyd Gonçalves, Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Educação e Docência, na linha de pesquisa: Educação, Ensino e Humanidades, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais - FaE / UFMG. Possui especialização em Psicopedagogia Institucional, Arte e Educação, Educação de Jovens e Adultos e Política e Gestão Educacional. Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais, é  professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Atualmente, trabalha na Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, compondo a equipe da Gerência do Clima Escolar, na Diretoria de Políticas Intersetoriais. Tem experiência na área de educação, com ênfase em infâncias, juventudes, eventos juvenis, metodologias pedagógicas para as juventudes, clima escolar e enfrentamento de violações infanto-juvenis.

Licinia Maria Corrêa, Professora associada da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil. Membro do Programa Observatório da Juventude. liciniacorrea@ufmg.br

Possui pós doutorado em Sociologia pela Università degli Studi di Pádova-Itália, doutorado em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Araraquara (2008) e mestrado em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo (1996). Atualmente é professora associada na Faculdade de Educação e Pró-Reitora de Assuntos Estudantis na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG. No ensino, tem sua atuação voltada para temas da Sociologia da Educação em interface com a Sociologia da Juventude. Na pesquisa atua principalmente nos seguintes temas: juventude e escola, cultura juvenil e cultura escolar, relação jovens, escola e mundo do trabalho e ensino médio. Tem experiência no desenvolvimento de projetos de extensão em Educação de Jovens e Adultos, educação social, formação de jovens e formação de educadores/a em parceria com movimentos sociais da Região Metropolitana de Belo Horizonte e e organizações públicas.

Referências

ASSIS, Simone G.; CONSTANTINO, Patrícia. Filhas do Mundo: infração juvenil no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.

BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2004.

BRASIL. Lei n. 6.697, de 10 de outubro de 1979. Institui o Código de Menores. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6697>. Acesso em: 20 jan. 2020.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Resolução n. 119, de 11 de dezembro de 2006. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.mj.gov.br/sedh/ct/spdca/sinase/Sinase.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2020.

CLANDININ, D. Jean; CONELLY, F. Michael. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Tradução: Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEL/UFU. Uberlândia: EDUFU, 2011.

FACHINETTO, Rochele Fellini. A “Casa de Bonecas”; um estudo de caso sobre a unidade de atendimento sócio-educativo feminino do RS. Dissertação (Mestrado em Sociologia) RS: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.

FAZENDA, Ivani. (Org.). Novos enfoques da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez. 2010. 135p.

FERRER CERVERÓ, Virgínia. La crítica como narrativa de las crisis de formación. In: LARROSA, Jorge. Déjame que te cuente. Barcelona: Editorial Laertes, 1995.

FOUCALT, Michel. Ditos e escritos II: Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.

FOCAULT, Michel. A palavra e as coisas. Rio de janeiro: Martin Fontes, 2016.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. NUNES, Márcia Bandeira de Mello Leite (Trad.). Rio de Janeiro: LTC, 1971.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. 6. ed. São Paulo: Perspectiva,. 2004.

HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias Qualitativas na Sociologia. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013.

JOVCHELOVITCH, Sandra; BAUER, Martin W. Entrevista Narrativa. In: BAUER, Martin; GASKELL, George (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 11ed. Petrópolis: Vozes, 2013. p 90-113.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

LUDKE, Menga; ANDRÉ Marli E.D.A. Pequisa em Educação – Abordagens Qualitativas. São Paulo: Eidtora Pedagógica e Universitária, 2013.

MINAYO, M.C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2010.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2016.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Índice de Qualidade de Vida Urbano de Belo Horizonte. Belo Horizonte: IQVU/BH, 2016. Disponível em: . Acesso em 15 fev. 2020.

______. Índice de Vulnerabilidade Juvenil de Belo Horizonte. Belo Horizonte: IVJ/BH, 2016. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2020.

SALLES, Mione Apolinario. (In)visibilidade perversa: adolescentes infratores como metáfora da violência. São Paulo: Cortez, 2007. 360p.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

Publicado

2020-06-03

Como Citar

GONÇALVES, Rebeca Lloyd; CORRÊA, Licinia Maria. Narrativas e tessituras adolescentes: metodologia e desafios de uma pesquisa(dora). Dialogia, [S. l.], n. 34, p. 167–184, 2020. DOI: 10.5585/dialogia.n34.16706. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/16706. Acesso em: 13 nov. 2024.

Edição

Secção

Dossiê Temático: Pedagogias em Diferentes Espaços Educativos